terça-feira, 28 de julho de 2009

Mão cheia... em Sangano novamente!

Depois de um sábado muito porreiro e cansativo, nada melhor que começar a fazer planos para o domingo! A ideia que tinha surgido a meio da semana depois de se ter abandonado a hipótese de dormir em Sangano no fim de semana era a de visitar a praia dos navios encalhados e a Barra do Dande no sábado e ir domingo para Sangano... Metade deste plano estava já cumprido mas, no final do dia de sábado, estava toda a gente a negar-se a ir para Sangano: uns porque achavam demasiado cansativo ir para fora nos dois dias do fim de semana e queriam descansar, outros porque tinham de ir dar uma perninha de trabalho ao final da tarde de domingo... Fazendo bem as contas, só eu e a Carina é que tínhamos disposição para ir, estando o Ricardo indeciso quanto a ir ou não...

De qualquer forma, a única coisa da qual se tinha bastante dependência quanto a ir ou não ir para Sangano no domingo era mesmo o pouco combústivel do carro, cerca de um quarto do depósito... Caso se conseguisse meter gasolina ainda no sábado depois de regressar da Barra do Dande, a ida a Sangano estaria garantida, pelo menos da minha parte e da menina... E assim foi: ao chegar a Luanda e depois de nos termos encontrado com o resto da malta à beira da ENSA, fomos até à zona de Alvalade tentar meter gasolina. Tivemos imensa sorte e contrariamente à bomba da marginal na noite anterior, aquela bomba não só tinha combústivel como também não tinha muita gente, pelo que nem sequer ficámos muito tempo à espera. A ida para Sangano estava assim assegurada!

Estava claramente todo partido e bastante cansado, especialmente tendo em conta as poucas horas de sono da noite anterior, o culminar de uma semana de trabalho, a condução para ir e voltar ao Dande numa estrada deplorável e ainda a caminhada pela praia dos navios encalhados... Depois de um belo banho e já de barriga cheia depois de jantar, não durou muito a que começasse a adormecer no sofá enquanto via House... Pouquíssimo tempo depois estava a dormir na cama que nem um anjinho, mesmo tendo em conta a mega festa que parecia estar a haver logo ali ao lado, já que até a cama se sentia a estremecer...

Apesar de o Ricardo sempre se ter negado a ir, eu e a Carina estávamos decididos a ir e aproveitar ao máximo o domingo! Afinal de contas, tanto eu como ela adoramos aquela praia e só era preciso haver vontade de um para convencer definitivamente o outro a ir também. Como tal, domingo de manhã, já com uma hora de atraso relativamente à hora inicialmente combinada e apenas depois de levantar dinheiro previamente, lá nos pusemos a caminho de Sangano.

Olhar para o infinito...

O dia parecia estar impecável para um belo dia de praia, daqueles dias em que está suficientemente quente para se ir à água e estar ao sol mas, por outro lado, relativamente ameno para que não sejam necessárias precauções de maior e sem que o sol funcione como uma autêntica torradeira gigante.

A viagem foi bastante tranquila e passou-se bastante bem, na conversa sobre os mais variados temas e quase sempre ao som do posto de rádio preferido do Walter Jorge, enquanto funcionou... Contrariamente ao que esperava, nem apanhámos assim tanto trânsito quanto isso e a viagem até se fez depressa, já que por volta das 11h30 estávamos já a fazer o pedido do almoço no Pirata... Tivemos azar desta vez, já que havia mais pessoas que o que costuma ser normal na praia e a lagosta não era um prato garantido, coisa que infelizmente se veio a verificar. Foi sem dúvida um objectivo falhado, já que ir a Sangano e não comer a bela lagosta à Pirata é sem dúvida de se ficar um pouco desiludido... Contudo, o peixe em geral é muito bom e a garopa que comemos estava também muito boa!

Agarrar o sol? Levitar é muito mais giro!

Depois de pensar um bocadinho e de fazer umas contas muito rápidas, cheguei à conclusão que era a minha quinta ida a Sangano, sendo que três delas foram durante esta última estadia! Acho que isto evidencia bem o quanto eu gosto desta praia! Não sei porquê mas acho que esta praia consegue condensar várias coisas que eu gosto: é o areal enorme, são os momentos de convívio que a viagem e o tempo passado na praia proporcionam, é o mar mais agressivo que o normal mas sem exageros, é o espaço acolhedor, seguro e relaxante, os bons almoços no Pirata, a companhia que tem sido sempre cinco estrelas, enfim é tudo!

É um daqueles sítios e são os momentos lá passados que sem dúvida vou guardar para sempre como sendo dos melhores que passei em Angola. E por muito que a praia seja sempre a mesma, por muito que os almoços se repitam, por muito que as fotos sejam maioritariamente tiradas na altura do pôr do sol e a tentar agarrar o sol, são sem dúvida nenhuma dias extraordinariamente bem passados e que só me trazem boas recordações.

Acho que a única coisa má que me lembro desta praia foi mesmo a primeira vez que fui até Sangano, já que à conta do mar mais agressivo que o normal acabei por torcer o joelho direito, que ainda hoje me dói de vez em quando... Ando inclusivamente desconfiado que possa ter feito alguma lesão mais grave nos ligamentos, já que não é propriamente normal ainda sentir dores passado tanto tempo, principalmente quando jogo futebol ou faço longas caminhadas... É o chamado joelho à Mantorras! Tenho de ir ao médico ver o que se passa com isto...

As lombas de 30cm da ponte do Kwanza...

Depois de uns belos mergulhos e de uns bons banhos de sol, que acabaram por incluir uma pequena soneca, fomos então almoçar. Como sempre estava delicioso, mas desta vez não chegou ao ponto de o exagero ser tal que obrigasse a pedir uma caixinha de take-away e a uma caminhada ao longo da praia para ajudar a digestão... Assim sendo, depois de o almoço ter acabado por volta das três da tarde, nada melhor que aproveitar os raios de sol restantes da tarde deitadinhos nas toalhas e desfrutar do ambiente calmo e paradisíaco da praia.

A ideia inicial era sair de Sangano por volta das quatro da tarde, tal como a malta que estava connosco e que tinha de facto passado lá a noite tinha sugerido, quer para chegar cedo a Luanda quer para evitar o trânsito da zona de Benfica. No entanto, nem eu nem a Carina mostrámos grande vontade de ir embora tão cedo... Tínhamos chegado apenas às 11h30, tínhamos acabado de nos deitar nas toalhas depois de almoço à menos de uma hora, a praia estava aos poucos a tornar-se deserta, o pôr do sol começava a ganhar alguma forma, o dia e a praia estavam demasiado tentadores e convidativos a ficar ali mais um bocado, de forma a tentar aproveitar mais um bocadinho daquele dia fantástico!

Afinal de contas, tínhamos tomado a decisão de ir sozinhos para Sangano tal como acabou por suceder, tínhamos um carro só para nós, sabíamos perfeitamente o caminho de regresso e ninguém estava dependente de nós, portanto qual era o mal de irmos mais tarde? Nenhum! Como tal, e em perfeita sintonia, decidimos ficar mais um bocado, ignorando a possibilidade de ter a companhia de outro carro com malta conhecida durante a viagem...

No entanto, a viagem de regresso acabou por ser um autêntico pesadelo... Nunca pensei demorar quatro horas para percorrer cerca de cem quilómetros... Estava a correr tudo bem até ao momento em que tivemos de parar alguns metros antes de chegar à ponte do Kwanza... As lombas estupidamente altas e sem qualquer cabimento à entrada e à saída da ponte, associadas à circulação alternada devido a obras e ao entupimento causado pela proximidade da portagem foram os três factores que conjugados causaram um trânsito terrível naquela zona e que nos custou uma hora para percorrer uns míseros dois quilómetros... Começava a ir por água abaixo plano para fazer o famoso strogonoff da Carina, já que íamos chegar tardíssimo a Luanda e ainda por cima era preciso ir às compras...

Mesmo sendo já um pouco tarde, decidimos ainda arriscar ir às compras ao Belas Shopping, já que ficava relativamente em caminho e necessitando apenas de um ligeiro desvio... Mesmo sabendo qual era o local onde esse desvio deveria ser feito, nenhum de nós conhecia o caminho para lá, pelo que foi um bocado partir à aventura e à descoberta... Até nem foi díficil dar com o sítio e muito sinceramente fiquei impressionado pela positiva: tudo com bastante bom aspecto, quer por fora quer por dentro, com organização e sem dúvida a fazer lembrar um ou outro centro comercial português em alguns aspectos... No entanto, era já bastante tarde e não havia o ambicionado lombo para o strogonoff, pelo que nos rendemos aos frangos assados que a malta do Bairro Azul ia comprar... Atrasados por atrasados, fomos ainda dar uma pequena volta pelo shopping na tentativa de encontrar à venda as havaianas com a bandeira de Angola, mas não tivemos sucesso!

Foi sair dali, tentar encontrar o caminho de regresso à estrada principal, e ala para casa tomar a bela banhoca antes de ir jantar ao Bairro Azul com o resto da malta. A hora a que chegámos era já avançada para um jantar e obviamente ninguém esperou por nós e já toda a gente tinha comido, pelo que acabou por ser um jantar a dois...

Para finalizar o dia, outra coisa a correr mal, embora sinceramente sem grandes impactos ou males maiores: não consegui falar com o motorista para lhe devolver o carro, pelo que tive de andar a fazer de motorista no dia seguinte e ir buscar a mademoiselle ao Palm Beach e depois o Fernando à casa do Trópico... Paciência, foi apenas meia hora de sono a menos que o normal e que foi seguramente mais que compensada pelo excelente dia e pelo fim de semana bem passado! Foi um daqueles fins de semana que será certamente para repetir, certo?

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Navios encalhados & Carros descapotáveis

Depois do fim de semana passado ter sido absolutamente deprimente, já tinha decidido que não iria deixar que a situação se repetisse neste último... Depois de uma primeira tentativa em reservar bungalows para a noite de sábado em Sangano, tratei rapidamente de arranjar uma alternativa e a ideia de ir à praia dos navios encalhados e à Barra do Dande começou a ganhar forma.

Depois das várias fotos que vi desses locais, tinha de facto alguma curiosidade em conhecer estes dois sítios novos. Como tal, nem mesmo o facto de afinal se terem conseguido reservar bungalows em Sangano, me demoveu da ideia... Começou-se a formar um grupinho com vontade de ir a qualquer lado no fim de semana, sem que isso implicasse ter que ficar a dormir fora, o que fez com que a escolha da praia dos navios encalhados fosse de facto a melhor opção. Além disso, tendo em conta que, de todas as pessoas incluídas no grupo, apenas o Hugo já tinha ido lá, era sem dúvida nenhuma uma óptima oportunidade para ir visitar estes locais.

Angola - Vista da estrada do Cacuaco

Um dos piores argumentos contra este passeio é sem dúvida o trajecto percorrido: estrada do Cacuaco! Uma estrada super movimentada, com um trânsito terrível e num estado de degradação bastante avançado. Há até quem diga que só depois de se ter conduzido nesta estrada é que se sabe verdadeiramente o que é conduzir em Angola, algo com que eu até acabo por concordar. A ideia base para conduzir ali é mesmo fazer pontos de embraiagem constantes devido ao pára-arranca e ainda fazer os possíveis para evitar os buracos de maiores dimensões, ignorando os restantes... Nos casos em que isto não for possível, resta apenas escolher a melhor maneira de passar dentro do buraco evitando que a parte de baixo do carro arraste...

E a paisagem em redor da estrada também não é nada animadora ou bonita: musseque, musseque e mais musseque, tudo muito destruído, muita pobreza vísivel, crianças a brincar em redor da estrada em condições muito degradantes, pequenos lagos de água estagnada, muito lixo, candongas a abandonar a estrada e a circular pela "berma", entre muitas outras coisas... E depois, vêem-se coisas ainda mais estranhas: pessoas literalmente plantadas em sítios sem absolutamente nada em redor, como se por acaso tivessem ficado ali paradas no tempo... Um exemplo muito evidente disto foi a fotografia que conseguimos tirar ao "Deus do Cacuaco", um homem impecavelmente vestido com um fato branco perdido ali no meio de nada...

Nunca tinha ido para nenhuma zona a norte de Luanda e, por tudo o que vi, julgo que apesar de tudo o panorama consegue ser bastante melhor quando se circula em direcção a sul... O trânsito continua a ser horrível, mas pelo menos a estrada até é bastante razoável e não se vê tanta pobreza.

Angola - Deus do Cacuaco

"Deus do Cacuaco"

Após termos tido a sorte de tudo correr bem até ao momento, mesmo tendo passado numa estrada completamente esburacada, cheia de desníveis e com um trânsito infernal, com elevada probabilidade de ter um furo qualquer num pneu, de partir a suspensão ou qualquer coisa parecida, nada deixava antever que fossemos ter algum problema quando a estrada se transformou numa estrada impecável, com um pavimento excelente, pouco movimentada e rectas enormes... No entanto, não nos podemos esquecer que isto é Angola e que a frequência com que as situações mais caricatas têm acontecido aqui e neste projecto é bastante superior ao normal!

Capôt solto

Seguia eu uns metros atrás do carro conduzido pelo Nuno, quando o mais improvável aconteceu... Estava eu a encostar-me um pouco mais ao tracejado da estrada para ver se conseguia ultrapassar o carro que seguia entre os nossos dois carros e assim conseguir colar-me novamente ao carro da frente quando, de repente, desatei a rir que nem um perdido e liguei o pisca para encostar à direita... A Carina que estava ao meu lado ficou completamente à toa e deve ter pensado "Este gajo é maluco, já ri sozinho e tudo...", pelo que tratou de perguntar qual o motivo da inexplicável risota... Quando finalmente consegui parar de rir e lhe disse para olhar em frente e ver, o cenário era o carro do Nuno com o capôt completamente aberto e numa posição tal que impossibilitava ver o que quer que fosse...

Capôt preso com atacadores

Parece que ainda me estou a lembrar de ver aquilo a subir de repente, a bater no pára-brisas e a ficar preso e aberto sem se fechar... Que cena surreal mesmo, imagino o susto que eles não devem ter apanhado! Confesso que ainda tive ali alguns instantes de alguma apreensão, já que ficar repentinamente visibilidade nenhuma e o efeito surpresa de uma coisa daquelas poderiam perfeitamente provocado um acidente...

Felizmente nós até nem íamos muito depressa, a estrada era boa naquela zona e além disso era uma recta, pelo que o Nuno conseguiu muito rapidamente encostar-se à direita e parar de imediato. Nós parámos também imediatamente atrás deles e, a partir daí, foi um bocado reviver a série MacGyver, mas sem o canivete suíco... Como é que nós iríamos conseguir prender o capôt do carro, tendo em conta os poucos / nenhuns utensílios disponíveis? Valeram-nos os atacadores de umas botas que o nosso motorista habitual Walter Jorge tinha na mala do carro... Foi a nossa safa! A foto anterior ilustra bem o estado do carro com o capôt aberto numa altura em que a nossa velocidade devia rondar os 60 Km/h. Sempre dá para arejar um bocado o motor, não é?

Angola - Praia dos navios encalhados

Para chegar até à praia dos navios encalhados em si ainda faltava um bocado e era preciso apanhar um pequeno desvio nada parecido com uma estrada... Foi preciso descer ainda um bom bocado, desta vez num caminho quase deserto e continuando sempre num ritmo muito lento, para se começarem a avistar os primeiros navios. Que cena impressionante mesmo! Nem um, nem dois, nem três barquinhos... Navios enormes dispersos ao longo de vários quilómetros da linha costeira, a maior parte deles já num estado de conservação muito mau.

Angola - Praia dos navios encalhados

"Karl Marx"

Aquilo que inicialmente deve ter começado quando alguém se lembrou de abandonar um navio naquela praia, facilmente deve ter assumido o efeito bola de neve... O abandono de navios naquela praia foi-se sucedendo e chegou a um ponto tal que a praia se transformou num autêntico cemitério de navios encalhados abandonados, o que fez com que a praia se tornasse numa espécie de atracção turística devido à imponência e quantidade dos navios ali existentes.

Angola - Praia dos navios encalhados

A consequência mais directa de tudo isto é óbvia: perdeu-se uma praia com um areal enorme e com um grande potencial, já que a ferrugem e limalhas de ferro oriundas daqueles navios todos acaba por causar bastante poluição e inviabilizar a existência daquele mar azulinho típico de outras praias aqui existentes.

Angola - Praia dos navios encalhados

Apesar de ter gostado do passeio e da praia, acho que é um daqueles sítios para se ir uma vez e pronto. É chegar, ver e tirar as típicas fotos de recordação, marcar o pisco na lista de sítios a visitar e está feito. Não é de todo um daqueles sítios onde uma pessoa vai para relaxar a sério e passar um dia sem fazer nada, numa óptica de descanso puro, mas pelo menos acaba por ser um dia diferente daqueles que são habituais no fim de semana, que quase invariavelmente passam por se ir para a praia e passar o dia todo a alternar entre banhos de sol e de mar...

Angola - Praia dos navios encalhados

Depois de todas as fotos de grupo, faltava ainda cumprir outro objectivo: ir até à Barra do rio Dande. Já com a barriga a dar horas, subimos novamente aquele caminho deserto de terra e areia até chegar à estrada principal e continuámos em direcção a norte, percorrendo os poucos quilómetros a um ritmo de puro passeio.

Angola - Praia dos navios encalhados

Pelo meio ainda houve um pequeno susto, quando a polícia mandou parar o carro do Nuno... E digo um susto já que em Angola nunca se sabe muito bem o que poderá acontecer quando se é mandado parar pela polícia... Tanto pode correr tudo bem e ser apenas um controlo normalíssimo, como pode correr mal e apanhar na rifa uns polícias corruptos que vão tentar extorquir alguns kwanzas dando como justificação um motivo completamente absurdo. Continuei em frente e parei no final da recta à espera deles de forma a continuarmos viagem todos juntos e de certa forma precavendo alguma necessidade de eles eventualmente precisarem de alguma coisa.

Angola - Praia dos navios encalhados

Em cima: eu e o Nuno; em baixo: Ricardo, Hugo, Carina, Fernando, Pedro

Chegados à Barra do Dande por volta das duas da tarde, dirigimo-nos a um restaurante na tentativa de conseguir almoçar, mas batemos com o nariz na porta... Fechado! Decidimos no entanto estacionar mesmo sem almoçar e dar uma voltinha pela praia, acompanhada de um belo mergulho. Uma vez mais, também aqui a água não tinha aqueles tons azulados, embora por motivos completamente diferentes da praia dos navios encalhados. Não era de todo uma água poluída, mas mesmo assim a água era castanha devido à lama do rio Dande, que tinha ali a sua foz nas proximidades!

Angola - Barra do Dande

Depois do mergulhinho da praxe, fomos então procurar outro restaurante na zona para matar a fome. Fomos dar a uma espécie de resort com muito bom aspecto e por ali ficámos a almoçar em amena cavaqueira. O almoço, à base de peixe para todos, até estava bastante bom, seguindo-se depois as fotos em poses estranhas, a cantoria da música mais conhecida do Bocelli, as anedotas, as recordações das histórias mais engraçadas que já aconteceram... Resumindo e concluindo, foi um excelente sábado!

Almoço na Barra do Dande

Faltava era ainda o pesadelo: o regresso a Luanda naquela estrada horrorosa... No entanto, a viagem até acabou por se fazer muito bem na máquina chamada Hyundai Getz e apesar do trânsito, a viagem acabou por não demorar muito... Não foi uma viagem tão animada como a viagem de ida já que o cansaço associado à noitada e às três horas de sono da noite anterior começava a fazer-se sentir... No entanto, ainda teve os seus momentos de riso quando, a dada altura e devido a umas obras, dei por mim a fazer uma autêntica condução à angolana: tudo parado na estrada e eu a conduzir pela berma e a avançar mais rapidamente! Começo a ficar fã deste estilo...

Já mesmo a chegar à capital angolana, novo susto: virei bem à direita mas depois segui em frente em vez de virar à esquerda... Quando dei por mim estava numa zona perto do porto cheia de contentores, musseque, ruas muito manhosas e completamente desconhecidas... Não seria de todo agradável uma pessoa perder-se ali, ainda por cima de noite... Felizmente, depois de algum tempo, de uma chamada e de voltarmos para trás duas vezes, lá fomos dar ao caminho certo novamente e assim chegar sem mais problemas de maior a Luanda.

domingo, 19 de julho de 2009

Depressed

Não é que eu por norma seja uma pessoa extremamente extrovertida mas, nos últimos dias, sinto-me ainda menos alegre e animado que o normal... Se calhar exagerei um bocado ao escolher a palavra que dá título a este post... Deprimido é uma palavra demasiado forte, que por si só já é sinal indicativo de algo grave e eventual necessidade de auxílio exterior... Claramente, não acho que seja isso que me está a acontecer e talvez abatido fosse a palavra mais indicada para descrever o meu estado de espírito actual... Estou um bocado em baixo, pronto!...

Não sei o porquê disto e não tenho nenhum motivo aparente que justifique tal coisa, mas o que é certo é que desde à cerca de meia de dúzia de dias que me sinto mais estranho, mais tristonho e calado... Durante toda a semana limitei-me a fazer o meu trabalho, que julgo ter oscilado entre períodos de bom rendimento e concentração com outros períodos de improdutividade, stress e desmotivação completa... Andei longe, muito longe mesmo, de ser aquele gajo que está ali no seu comprimento de onda, que pouco se distrai com o que está em seu redor e que de vez em quando atira uma "posta" para o ar e mete a malta a rir... Mesmo naquelas vezes em que havia alguém a "puxar a carroça" e a picar-me dizendo qualquer coisa que à partida me faria rir, acho que me limitei a esboçar um sorriso...

A única excepção a este estado de espírito talvez tenha sido durante o jantar de sexta-feira na Fortaleza, jantar esse que rapidamente se tornou num autêntico espectáculo de stand-up comedy, com o Hugo em grande nível a meter toda a gente a rir desalmadamente! Mesmo a saída nocturna que se seguiu ao bar The Kings não foi propriamente do meu agrado... Foi fixe e teve os seus momentos bons, mas confesso que andou a léguas daquilo que já foram as melhores saídas em Angola... Quando o estado de espírito não ajuda, não há mesmo muito a fazer...

O próprio fim de semana foi extraordinariamente triste... É verdade que o tempo não ajuda e este cacimbo já começa a chatear um bocado... Mas hibernar no sábado e ficar na cama até às 17h30 foi de facto alvo revelador e pouco animador... E mesmo tendo-se assistido de seguida a um bom jogo entre Benfica-Olhanense e comido um belo jantar, novamente diferente daquilo que é habitual (salada russa), a coisa não melhorou nada... Chegou mesmo ao ponto de me negar completamente a sair à noite, coisa que nem é propriamente habitual em mim, já que por norma até costumo alinhar em tudo o que é jantaradas e saídas... Desta vez, nem pensar nisso!

Saí de casa já por volta das duas da manhã, aproveitando o facto de ter carro disponível, para ir levar o Hugo ao Bairro Azul... Sempre foi melhor que ele aterrar a noite toda algures num destes sofás da casa do Trópico e ser completamente devorado durante a noite pela imensa quantidade de mosquitos que por aqui andava...

E se o sábado foi de hibernação, o domingo não foi claramente melhor... Hibernação pura e dura até às três da tarde, seguida de um banho, pequeno-almoço e... hibernação! Até que cheguei a um ponto em que disse que estava à demasiado tempo enfiado em casa, precisava de apanhar ar, sair dali... Passar um fim de semana desta forma é para esquecer mesmo, apagar da memória... Ou mais que não seja para recordar e evitar que no futuro esta situação se repita... Tinha mesmo que sair e fazer qualquer coisa que não fosse ficar em casa a dormir, agarrado ao computador, à televisão ou aos comandos do PES...

Mesmo com toda a gente a cortar-se a ir jantar ao Veneza, decidi que ia jantar lá... Portanto, depois de alguns jogos de PES 2009, em que andei endiabrado e em que fui ganhando consecutivamente ao Fernando, lá acabei por sair de casa com a companhia dele em busca do restaurante... A aventura até correu bem, já que nenhum de nós sabia exactamente como ir para o restaurante, apenas se sabia que ficava mais ou menos numa certa zona... Depois de um ou outro engano, lá conseguimos dar com o restaurante e comer um bife na pedra, prato típico do restaurante... O jantar foi agradável e pelo menos deu para desanuviar um bocado a cabeça durante cerca de duas horinhas... Chegados a casa, ainda deu para mais alguns joguinhos antes de ir para a cama e me dedicar a escrever este post... E como já é algo tarde, o melhor mesmo é ficar-me por aqui e ir dormir, embora com uma última nota final de ânimo para mim mesmo: Tomorrow is gonna be a brighter day!

sábado, 18 de julho de 2009

Manufacturing Equipment Data Collection Framework

Se ontem alguns colegas meus disseram "Vamos ter de ir jantar fora e sair um bocado à noite para comemorar a nossa chegada a Angola. Faz hoje um ano!", também eu próprio tinha um bom motivo para festejar e nem sequer tinha reparado nisso... Só hoje, reflectindo um pouco melhor sobre a data em questão, é que notei que fez ontem precisamente um ano que fiz a apresentação do projecto de mestrado.

Manufacturing Equipment Data Collection Framework, título grande e pomposo para um projecto de recolha de dados para integração de equipamentos de manufactura. Para que raio serve esta coisa é a pergunta que se coloca... Mesmo tratando-se de equipamentos completamente diferentes, o processo de recolha dos dados produzidos pelos equipamentos durante o seu funcionamento é relativamente genérico, existindo um grande conjunto de funcionalidades comuns que podem ser perfeitamente reutilizadas e desenvolvidas de modo a serem incorporadas em qualquer tipo de integração de equipamentos.

Bee Framework foi a designação que acabou por ser escolhida para sub-título do projecto e que praticamente acabou por prevalecer em relação ao título sempre que não se tratava de nada oficial. É só vantagens: mais resumido, simples de dizer e muito mais engraçado também... E a analogia é simples: bee significa abelha, que também anda de flor em flor a recolher pólens e néctares depois usados para produção de mel e outros produtos; a ideia da Bee Framework também era a de recolher dados de diversos equipamentos, dados esses que depois podem ser usados para gerar estatísticas, melhorar desempenho, etc.

Continuo a achar que este projecto foi uma óptima escolha, não só a nível da empresa onde foi desenvolvido, a Qimonda Portugal, mas também os próprios temas abordados por ele, com uma componente extremamente forte de arquitectura de software: design patterns, frameworks e modelação UML.

O tempo voa mesmo... Parece que foi à pouco tempo, mas o que é certo é que na manhã do dia 17 de Julho do ano passado estava eu num dos anfiteatros da FEUP a defender em apresentação pública o projecto que me tinha ocupado nos últimos meses. O nervosismo inicial, associado ao facto de ter acabado os últimos preparativos do Power Point da apresentação às duas da manhã da véspera, acabou por dissipar-se muito rapidamente a partir do momento em que comecei a falar, tendo corrido muito bem a partir daí. Foi a última vez que prestei provas a um nível mais académico e, a partir daí, venham as provas a prestar a nível profissional.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Pataniscas... de atum!

Tal como já fui falando em outros posts, tudo o que se refere a culinária em Angola no que diz respeito a refeições confeccionadas em casa por nós tem tendência a ser simplificado. Isto acontece porque as condições logísticas não são propriamente as mesmas que em Portugal: não é a mesma coisa que cozinhar como na nossa casa em Portugal, demora-se muito mais tempo a cozinhar, é mais complicado ir às compras e encontrar tudo o que se pretende com um nível de qualidade aceitável e além disso é tudo bastante mais caro também...

Como tal, a ideia base é não complicar e, sempre que se cozinha em casa, as soluções passam invariavelmente por massas e atum... Contudo, esta tendência tem-se vindo a alterar aos poucos... A malta vai passando mais tempo cá e não dá para manter uma alimentação deste tipo durante muito tempo já que, mais que não seja, acaba por não ser muito saudável comer sempre as mesmas coisas, sempre cozinhadas da mesma forma.

A saga das "invenções" na cozinha começou em Dezembro, com as mabangas (moluscos de maiores dimensões que as amêijoas) apanhadas no Mussulo depois de um dia de praia. Exactamente no mesmo dia, esvaziámos o frigorífico de maçãs: aquelas que ninguém comia e que ficavam por lá imenso tempo e que assadas no forno desapareceram rapidamente... Já na última estadia, houve mais algumas refeições em casa fora do vulgar como, por exemplo, o strogonoff.

Desta vez, surgiu mais uma que ainda ninguém se tinha lembrado: pataniscas... de atum! É verdade que não conseguimos fugir ao atum, mas pelo menos conseguimos inventar a roda e arranjar uma nova maneira de o usar. Boa ideia da mademoiselle, embora arriscada porque nunca ninguém tinha feito aquele prato! E que boas estavam as pataniscas de atum com arroz de feijão! É que aliando ao facto de ser uma refeição diferente do normal, ainda se juntou a fome originada pelo almoço em hora tardia, já por volta das 17h e depois de uma tarde de praia...

E para o bolo ficar completo, faltava apenas a cereja em cima: as rabanadas feitas pelo Sabino! Isto é que foi uma bela de uma refeição, com direito a sobremesa e tudo! Na minha opinião, só é pena não haver almoçaradas e jantaradas destas mais vezes! Só peço uma coisa: a pessoa que arranja as cebolas não pode ser sempre a mesma, apesar de ser um bom método para limpar qualquer tipo de impurezas que exista nas glândulas lacrimais.

domingo, 5 de julho de 2009

Alarvidade em Sangano

Começou cedo o sábado de manhã... Pode parecer estranho, já que tratando-se de um fim-de-semana, a malta normalmente quer é dormir até tarde... No entanto, o motivo é bastante simples e perfeitamente justificável: mais uma ida a Sangano!

É curioso que até à um mês e meio atrás, ainda só tinha ido a Sangano uma vez e, neste momento, já vou num total de quatro... Tal como já disse num post anterior, na globalidade prefiro claramente ir a Sangano do que ao Mussulo. Nesta altura do ano, em que é inverno no hemisfério sul e se está na época do cacimbo, talvez até fosse preferível ir ao Mussulo devido às suas águas paradas e consequentemente mais quentes do que as águas sempre mais agitadas da praia de Sangano, banhada pelo Oceano Atlântico... No entanto, e embora tenha gostado de todas as vezes em que fui ao Mussulo, Sangano continua a ser Sangano! A cada vez que vou lá, é só peripécias novas, cada uma melhor que a outra, tal como se vai perceber ao longo deste post...

Devido à dificuldade em perceber o caminho até à casa de Alvalade, a Sónia e o Pascoal vieram ter à casa do Trópico, local combinado onde o Oliveira e a Carina nos viriam buscar para seguirmos viagem. Um pouco depois da hora inicialmente combinada para as 8h30, lá demos então início à viagem em que, além da sempre complicada saída de Luanda devido ao trânsito infernal desta cidade, a maior preocupação era mesmo o céu um bocado encoberto que teimava em não deixar aparecer o sol...

À saída de Luanda, ainda parámos num semáforo que ficava junto a um posto de controlo militar que tinha como slogan "Pela defesa da Pátria. Pronto!" e que acabou por ser o primeiro momento de risota geral. Já tinha reparado naquela mensagem antes mas, a cada vez que passo ali, interrogo-me sobre qual terá sido a ideia do seu autor... Tenho pena de não ter tirado uma foto à entrada do posto militar, mas como tudo o que diga respeito a estes locais é levado muito a sério, o melhor mesmo é nem sequer tentar... Mas aquele pronto! é mesmo muito estranho e dá a entender que não sabiam muito bem o que mais escrever ali... Pronto!

Venda de Quadros - Mercado de Benfica

Alguns quilómetros mais à frente, paragem no Mercado de Benfica. Foi a segunda vez que fui a este mercado e, além de ser uma experiência engraçada proporcionada pelo convívio mais próximo com os vendedores locais, também dá para negociar a compra de todas as peças expostas e ficar com algumas recordações a mais baixo custo. Depois de uma volta pelo mercado e já sem as mãos a abanar depois de algumas compras feitas, foi a vez de dar uns palpites para ajudar o Oliveira na escolha de um quadro pintado a óleo. Devo dizer que, face à enorme quantidade de quadros expostos, a escolha acabou por ser bastante fácil… Por muito estranho que possa parecer, já que conciliar os gostos de cinco pessoas diferentes não é propriamente fácil, a escolha relativamente ao quadro foi unânime. Excelente compra jovem!

Mercado de Benfica

Uma vez feitas todas as compras no mercado, partimos então de vez em direcção a Sangano e, numa das várias longas rectas, surge outras daquelas grandes peripécias absolutamente típicas da condução realizada pelos angolanos. Começamos a ver um jipe em sentido contrário e a uma velocidade já considerável a fazer uma série de ultrapassagens seguidas a vários camiões e carros e a primeira reacção foi abrandar para dar tempo ao condutor de terminar a ultrapassagem com segurança… Para nosso espanto, o condutor do jipe não só não abranda, como também não se encosta para a sua faixa e ainda por cima se mete a fazer sinais de luzes de forma continuada como quem diz “Facilita aí a passagem!” ou então “Desvia-te tu que eu vinha aqui primeiro, ya!”. Esta malta a conduzir é mesmo completamente doida, não avalia sequer os riscos que corre! Além de abrandarmos termos reduzido consideravelmente a velocidade, ainda nos desviámos para a berma da estrada para não correr riscos desnecessários.

O resto da viagem decorreu com relativa tranquilidade e era quase meio-dia quando finalmente chegámos à praia de Sangano. A praia, por si só, já é bastante deserta mas nesta altura do ano tem ainda menos gente devido ao “frio”. É engraçado ver como as pessoas angolanas evitam a praia nesta altura do ano e nós continuamos a ir. No entanto, e nisso sou forçado a concordar, nota-se uma ligeira brisa, o calor não é o mesmo de alguns meses atrás e a água está consideravelmente mais fria também.

Ao chegar, fomos quase de imediato ao restaurante O Pirata tratar do pedido para o almoço. Assim, enquanto o almoço é preparado, sempre dá para ir um bocadinho até à praia enquanto se espera. Nenhum de nós era propriamente novato em idas a Sangano e em almoços naquele restaurante, portanto toda a gente estava perfeitamente consciente de que é um restaurante em que se come bastante bem e onde a lagosta é óptima. Como tal, a escolha natural recaiu na lagosta.

Ao efectuar o pedido, o simpático empregado Vasquinho referiu-nos que não tinha lagostas para grelhar e que ainda estavam à espera da chegada dos pescadores e do que eles tivessem conseguido pescar… Ora bolas! Então vamos a Sangano, sempre debaixo de um tempo encoberto e depois ainda por cima não tinham a especialidade do sítio? Isso seria tudo a correr mal! No entanto, e depois de ter ido falar com a dona do restaurante, lá apareceu o Vasquinho com a boa notícia de que afinal podíamos pedir lagosta. Ora bem, como entrada, pediu-se uma dose de lagosta ao alho e outra dose de lagosta panada. Para prato principal, dado que seria almoço para cinco pessoas, toca de pedir cinco lagostas à Pirata… Naturalmente, faz todo o sentido!

Passeio pela praia de Sangano

Fomos estender as toalhas e apanhar um pouco de sol, que timidamente estava a tentar aparecer por entre as nuvens. Pelo meio, o Oliveira ainda foi de forma decidida e destemida mandar um mergulho, enquanto para todos os outros a entrada na água foi um bocadinho mais complicada… É que uma pessoa habitua-se a água quentinha e depois quando encontra água mais fria é um castigo… Decididamente, não quero voltar a ir à praia em Portugal tão cedo! Depois de uns mergulhos e de uma valente soneca ao sol, lá apareceu um empregado do restaurante a avisar que as entradas estavam a sair.

Como é hábito, a lagosta ao alho e a lagosta panada estavam bastante boas e, acompanhadas com pão, melhor ainda tudo se tornava. Quando acabámos de comer as entradas, não só a fome inicial tinha já desaparecido, como também já nos começávamos a sentir cheios… Entretanto, começa o empregado Vasquinho a trazer as lagostas à Pirata em tachos, cada um deles com duas lagostas… Depois de ele trazer dois tachos, começa-se a malta a questionar relativamente ao número de lagostas que ainda faltavam relativamente ao pedido… Pois é, uma lagosta à Pirata é na verdade uma dose, dose essa que traz efectivamente duas lagostas… Fazendo umas contas de cabeça simples, ainda faltavam três doses, ou seja, mais seis lagostas… Isto para quem logo a seguir às entradas estava a dizer que se estava a sentir cheio, não é nada mau… “Ó Vasquinho, traz mais lagostas por favor!...” foi a grande deixa do Pascoal, que após alguma apreensão, gerou uma risota descomunal… Continuando a fazer contas de cabeça, devem ter sido no total umas quinze lagostas, o que dá uma média de três por pessoa… Que grande alarvidade! Como foi possível ninguém se ter apercebido da dimensão do pedido em tempo útil não sei, mas pelo menos deu para encher a barriga de lagosta e para ter uma história gira para contar!

Sangano - Sónia e Daniel

Depois de comer tanta lagosta, pagando o mesmo que por um hambúrguer no Mussulo, era imperativo não ficar parado e dar uma volta a pé para ajudar a fazer a digestão. Com toda a gente a sentir-se bastante empanturrada e depois de comer lagosta de uma forma absolutamente descomunal, fomos então dar a tal voltinha para o lado norte da praia, depois para o lado sul, até que nos cruzámos com um pescador que nos fez uma pergunta bastante simples mas que originou nova risota geral: “Querem lagosta?”. Por favor, mais lagosta depois de um almoço daqueles seria uma tortura absoluta! Com um almoço daqueles, lagosta era coisa que ninguém queria ver à frente durante os próximos tempos… Foi engraçado o facto de nós irmos a falar precisamente disso e logo de seguida ter aparecido alguém com uma pergunta daquelas. Respondemos educadamente que não queríamos mas, de qualquer forma, acabei por ficar com um bocadinho de pena do senhor, já que aquela risota geral até poderia ter parecido um bocado ofensiva… Mas também depois de um almoço daqueles, que outra coisa seria de esperar!?

Sangano - Pascoal e Oliveira

Retornando ao ponto de partida após a agradável caminhada, que acabou por ter o efeito desejado, as toalhas estavam demasiado apetecíveis, pelo que foi completamente impossível conseguir resistir-lhes e dormir uma bela soneca… De todo o tempo que eu consegui manter-me acordado, acho que só a Sónia é que resistiu ao sono, dedicando-se à leitura.

Ao acordar e depois de algum tempo na conversa, começou a chegar a hora do pôr-do-sol, aquele pôr-do-sol sobre o oceano e que é espectacularmente bonito, por mais fotos que se tirem e independentemente do facto de muitas delas acabarem por ser parecidas… Não é completamente à toa que uma grande parte das fotos, quer tenham sido tiradas por mim ou por outras pessoas, têm como pano de fundo esta altura do dia…

Foi nesta fase do dia que surgiu outro daqueles momentos de chacota geral quando, ao fotografar a Carina tendo o pôr-do-sol como fundo, ela se vira e diz “Como é que eu vou agarrá-lo?” Usando uma expressão tipicamente angolana, assim Fica complicado! Ahh, o que ela queria mesmo era agarrar o sol na fotografia… Assim tudo faz sentido, já que momentos antes estava literalmente embrulhada numa toalha para se proteger da brisa marítima que causava um ligeiro desconforto. Agarrando o sol já não seria preciso a toalha! :) Mas estes trocadilhos são de facto terríveis… Basta uma expressão mal medida, uma palavra que seja, e o sentido inicialmente pretendido é logo completamente adulterado!

Sangano - Carina com frio

Tempo ainda para inventar umas novas fotos engraçadas, em que eu e a Sónia fomos escrever os nossos nomes na areia molhada. O efeito até ficou giro e sempre acabam por ser umas fotos um bocado diferentes daquilo que costuma ser o mais normal.

Sangano - Nome na areia

Infelizmente, estava-se a aproximar a hora de ir embora. Aproveitámos bem o dia, já que saímos de Sangano já tarde, praticamente de noite. Mas vendo bem, nem era assim tão tarde quanto isso, já que anoitece bastante cedo. Estávamos nós a caminho de Luanda, até que numa determinada altura encaramos com um camião seguido por um carro de bastante perto… Este facto levou o Oliveira a soltar uma exclamação bastante apropriada para a situação: “O gajo vai cheirar o cu ao camião de uma maneira!...”. De facto, conduzir de uma forma tão próxima de um camião é coisa que não é propriamente aconselhável, especialmente em Angola onde é necessário estar a 200% à espera do inesperado para se conseguir reagir em tempo útil. Continuando a circular atrás dos dois veículos e apercebendo-me de alguns sinais de luzes feitos pelo camião, foi a minha vez de soltar uma expressão: “O gajo do camião até está a ser fixe… Fez sinais de luzes para não ultrapassar!”. Estando nós numa zona com algumas curvas e com estrada mal iluminada a dificultar uma eventual ultrapassagem, lá continuámos nós a segui-los, até que foi a vez de a Sónia mandar a sua deixa: “Está com os sinais de emergência ligados…”. Estava um bocado complicado ultrapassar, até que finalmente lá se conseguiu e nos permitiu por fim a tanta especulação gerada à volta do tema. O carro estava a ser rebocado pelo camião…

Pôr do sol em Sangano - Daniel

Para finalizar, devo dizer que, contrariamente a alguns carros em que já andei em Angola, o nosso carro tinha uns faróis extraordinários! E não estou a dizer isto com ironia, já que aqueles faróis iluminavam de facto muito bem… Iluminavam a estrada tão bem que, mesmo circulando em médios, qualquer carro que se cruzasse connosco nos fazia sinais de luzes para baixar os faróis… Aquilo sim, era um carro em que os médios pareciam máximos e os máximos pareciam luzes espaciais a apontar para o céu!

Chegados finalmente a Luanda novamente, não sei antes termos sido mais uma vez vítimas de um trânsito infernal, fomos deixar a Sónia e o Pascoal à casa de Alvalade, que afinal de contas nem é assim tão complicado dar com ela… Chegar lá com recurso apenas a explicações é complicado, mas depois de ter ido lá uma vez até se torna relativamente fácil… Depois disso, foi a minha vez de ser deixado em casa, não sem antes se ter combinado uma jantarada pelo Palm Beach… Mas sem lagosta!

Sangano - Pôr do sol