domingo, 25 de janeiro de 2009

Covilhã Cidade Neve

O título deste post, já o cantava aquela grande senhora chamada Amália Rodrigues no seu fado "Covilhã Cidade Neve"... Nada mais verdadeiro e mais correcto!


Durante aquela vaga de frio que assolou o país inteiro à cerca de duas semanas atrás, eu tive a sorte de, por acaso, ter ido passar o fim de semana à Covilhã e, ainda por cima, ter chegado no dia mais frio e em que nevou mais...


Para mim foi uma alegria enorme e estava verdadeiramente desejoso que ficasse imenso frio durante a semana, de modo a que, quando o fim de semana chegasse, a possibilidade de nevar fosse grande... O que eu nunca pensei foi ver os meus desejos realizados e da forma que foram... Impressionante mesmo!!! Ao chegar à Covilhã, no comboio intercidades que chegou por volta da meia noite, começo a vestir o casaco e o sobretudo e, farto de estar sentado, levanto-me e encaminho-me calmamente para a porta de saída da carruagem. Ao olhar para fora, e já com um bocadinho mais de luz, devido à passagem por algumas zonas já habitadas ao chegar à cidade, começo a olhar para o exterior e apercebo-me de umas manchas estranhas ao redor da linha... Na altura nem estava a perceber muito bem o que era aquilo, especialmente porque a luz não era assim tanta e, juntamente com o reflexo e com o comboio em andamento, não conseguia perceber muito bem o que era aquilo...


Quando o comboio finalmente parou na estação da Covilhã e eu abro a porta para sair até me assustei... Meu Deus, mas o que é isto pensei eu!!! É que mesmo das últimas vezes que tem nevado, geralmente o manto branco que se apresentava só fica com aquela espessura numa altitude maior... Mas logo ali, na própria estação de caminhos de ferro, que fica numa zona mais baixa da cidade, o manto branco, frio e fofo que se via era já bastante considerável!!! E a temperatura, também era já bastante agradável aquela hora: 5 graus negativos!!!


Mesmo sendo natural daquela zona e, muito embora os meus últimos cinco anos e meio tenham sido passados fora daquela região, acho que já não via um nevão daqueles desde miúdo, seguramente desde os 11, 12 anos!!! Mal saí do comboio, não fossem os sapatinhos de sola que além de escorregarem bastante e não protegerem muito do frio e o meu pai estar lá à minha espera, e eu acho que ficava ali deliciado tal e qual um puto que vê neve pela primeira vez na vida a brincar!!!


Mesmo na minha terra, eu acho que não me lembro de um nevão assim, em que a neve agarra e agarra a sério, à imenso tempo atrás... Talvez seja preciso recuar até aos tempos da escola primária para ver as ruas da minha terra assim branquinhas... Por mim, aquilo era sempre assim, pelo menos no Inverno... Era da maneira que não haveria nunca falta de água, a paisagem seria muito mais bonita, atrairia muito mais turistas e quase de certeza que implicaria um desenvolvimento maior da zona... Mas por outro lado, isso assusta-me: continuo claramente a preferir pensar naquela zona como uma região pacata, sem grandes confusões e maravilhosamente bonita quando coberta de branco...


Para que se perceba bem o frio que esteve na altura, a neve na minha terra só derreteu um dia depois, já sob o efeito de um sol de inverno ameno... Mas isso foi na minha terra, porque na Covilhã, mesmo nas zonas mais baixas, era ainda bem vísivel no domingo a neve que nem sequer chegou a derreter nos passeios!!! Brutal!!! Tomara eu mais dias assim!!!


A única coisa que lamento de verdade é não ter levado a máquina fotográfica, que ficou em Lisboa... No entanto, ainda consegui arranjar algumas fotos, que aqui deixo espalhadas ao longo deste post, deste fantástico e lindo nevão para um dia mais tarde recordar!

O regresso à Invicta!

Nada mais nada menos que cinco meses depois, heis-me de regresso à cidade que tão bem me acolheu durante cinco anos!!! Estou, naturalmente, falar do Porto, cidade Invicta!


Estive a trabalhar na Qimonda até dia 31 de Julho e, depois de arrumar tudo o que tinha a arrumar lá em casa e depois de ter carregado o carro, saí do Porto dia 1 de Agosto a meio da tarde e até então não tinha lá voltado... Foram sem dúvida cinco anos que marcaram muito a minha vida e que estão inevitavelmente associados a esta fantástica cidade da qual eu passei a ter uma costela!


Era para ter feito a viagem na companhia da prima Ana, da Bruna e do primo Jorge mas, em virtude do acidente da Bruna e da folga que entretanto foi retirada à Ana, acabei por ir na mesma até ao norte, mas apenas com o Jorge. Ainda não foi desta que as meninas ficam a conhecer um bocadinho do Porto, mas oportunidades não faltarão!

Saída do Dominguizo por volta das 10h e pouco da matina, também não valia a pena acordar muito cedo, e ala para o Porto, para chegar por volta da hora de almoço, mesmo a tempo de comer uma bela e deliciosa francesinha confeccionada em forno de lenha! Foi só o tempo de passar pelo centro dos Carvalhos buscar o Telmo e pronto, toca de ir enfardar até não caber mais...

Foi um dia bem passado já que deu para rever o Telmo, dar uma voltinha curta pelo centro da cidade, comer uma francesinha à maneira, subir à Torre dos Clérigos pela primeira vez (que vergonha, nunca ter subido antes!...) e visitar o Centro Português de Fotografia (antiga Cadeia da Relação).


Depois de um chá quentinho num dos cafés do centro, lá chegou a hora de regressar a casa, depois de deixar o Telmo em casa e andar um pouco à deriva em busca da auto-estrada novamente, sempre debaixo de uma chuva intensa que teimou em nos acompanhar durante toda a viagem...

Não sei muito bem quando poderei regressar ao Porto novamente, portanto ainda bem que decidi aproveitar aquelas férias do período natalício para ir até lá um dia! Provavelmente, e se as coisas correrem como tive a analisar à bocado, talvez consiga tirar dois ou três dias de férias na altura da Queima das Fitas e ir até lá nessa altura aproveitar alguns dias dessa semana... Logo se vê como a coisa correrá... Mas uma coisa é certa, basta ter assim uns diazinhos de férias seguidos e não devo passar sem ir um dia até ao Porto matar saudades!!!

As férias de Natal!

Após o cansaço de dias de trabalho intensos, da viagem, das várias festas que se seguiram ao regresso, ainda fui obrigado a ir a Lisboa de propósito para trabalhar dois dias na semana de Natal... Foi um bocado chato ter que regressar a Lisboa por apenas dois dias de trabalho, mas a perspectiva de que logo de seguida teria uma semana e meia de férias ajudou a que não fosse um sacrifício tão grande...

Portanto, resolvi vir de carro e fazer-me à estrada no domingo à noite, sabendo que na terça-feira por volta da mesma hora estaria a caminho de casa... É bem verdade que não fiz nada de muito significativo durante estes dois dias de trabalho, mas sempre deu para ir adiantando algumas coisas e ir fechando umas quantas pontas soltas que estavam pendentes à algum tempo...

Os primeiros dias de férias passaram-se a uma velocidade estonteante... É bem verdade que só cheguei a casa na véspera da noite de Natal, o que, juntamente com os últimos preparativos de Natal e o dia de Natal em si, fez com que aquela metade de semana das férias parecessem ainda mais rápidos!!!

Depressa chegou o fim de semana e, para não variar muito, continuei sem fazer nada de muito especial. Estar com família, sair um bocado com os amigos, nada de muito fora do normal mas não necessariamente mau, já que é sempre agradável. E não fazer nada de especial também pode ser bom, já que pelo menos assim deu mesmo para descansar em condições... No entanto, embora tudo isto fosse considerado descanso, acabou por ter alguns efeitos secundários negativos, já que me alterou completamente o ritmo de sono que eu tinha, o que fez com que depois me sentisse ainda mais cansado ao retomar o trabalho... Bom, mas mesmo bom, seria ter outras férias para descansar das férias!!! Isso sim, é que seria espectacular!

Aproveitei depois o início da semana seguinte para resolver uns temas pendentes no Ministério das Finanças e na Segurança Social e fui depois levar o carro à Toyota... Foi detectado um defeito qualquer de fabrico numa coluna de direcção naquela versão e, embora não fosse muito grave, era recomendável uma verificação para determinar se seria ou não necessária a substituição da peça. Primeira "arrelia" logo de manhã ao chegar à Toyota: apesar de me terem dito que poderia ir lá na segunda de manhã, afinal teria que ficar para o dia seguinte, já que não tinham recebido a peça... Enfim, todos os males fossem como este... Estava de férias, nem me chateava muito ter de ir lá no dia seguinte novamente.

E quando no dia seguinte fui novamente à Toyota, tinha então eu acabado de entregar o carro à uns 20 minutos no máximo e recebo logo uma má notícia de uma amiga a perguntar se a podia ir buscar ao hospital porque tinha tido um acidente de carro... Liguei de imediato a saber como estava e, apesar de o carro ter ficado num estado miserável, ela estava bem e inteira... Pelo menos isso!! Ainda assim, não fiquei muito descansado até ter podido vê-la e confirmar com os meus próprios olhos que ela estava bem, apesar de o susto ter sido grande e do estado completamente desconsolado dela, o cenário poderia ter sido bem mais negro...

Enfim, a vantagem de estar a escrever estes últimos posts com quase um mês de atraso é que pelo menos assim já se conseguem ver as coisas com mais alguma distância, sabendo que tudo não passou de um susto e que a vida continua para a frente, com mais ou menos dificuldades... Neste momento, em que a fase inicial de susto já passou e ela própria está um pouco mais animada, é-me muito mais fácil escrever... Em todos aqueles momentos que passei ao lado dela após o acidente, custou-me imenso olhar para ela e não ver aqueles olhos brilhantes e aquele sorriso bonito, ouvir o seu riso estridente, enfim, vê-la tal como ela era antes daquele acidente... No entanto, muito embora não estivesse a ver a menina que estava habituado a ver e por muito que me custasse vê-la assim, triste e abatida, não deixei de a tentar animar e apoiar numa situação complicada, já que é nestas alturas que mais se precisa de alguém amigo e que goste de nós...

Ainda tive mais alguns dias de férias mas, aquilo que tenho para contar relativamente a esses restantes dias será escrito em dois outros posts, caso contrário este post iria ficar enorme... Os próximos dois posts serão dedicados à noite de fim de ano e ao regresso à cidade Invicta cinco meses depois!

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

O terceiro jantar dos Mils

Mais um post que não poderia ficar esquecido... E que era para ter sido escrito ainda antes do Natal...

Já se passaram mais de dois anos desde que a prima Ana teve a fantástica ideia de organizar o primeiro jantar de Natal dos "Mils"... Este jantar, exclusivamente destinado aos netos do avô João 1001, que originou de seguida uma numeração sequencial para a minha avó, para os seus filhos e, posteriormente, para os seus netos...

Acho que foi uma óptima ideia da prima Ana, querer juntar todos os primos, desde o 1015 até ao mais recente 1030, num simples jantar convívio, realizado numa altura especial do ano como é o Natal. É verdade que poderia ser até noutra altura qualquer do ano, o efeito prático seria o mesmo, mas sendo na altura do Natal, acaba por ter ainda mais piada!

É claro que infelizmente, nem toda a gente pode comparecer ao jantar... Este ano, sob a organização do Jorge e da Filomena, quase não pude ir por um triz, já que cheguei de Angola mesmo na véspera... Agora imagine-se o estado em que eu fui a este jantar... Dormir uma hora na noite da viagem, passar a noite seguinte em viagem, dormir uma horita devido à festa da Deloitte e ir para mais um jantar logo a seguir, com direiro a saída nocturna até às 5h da manhã para quem quis ir... Que agressividade!!! Eu estava sem qualquer dúvida todo partido mas também estava completamente on fire! Foi um esforço adicional, mas que faria novamente caso fosse necessário!

Aqui ficam duas fotos para que registam este momento pra posteridade, a primeira contendo os primos que puderam ir ao jantar, a segunda com mais dois "anexos": a esposa do João Paulo e o mais recente rebento da família ao colo da prima Ana, a prima Mafalda, já da segunda geração de primos... Qualquer dia alguém se lembra e começa também a pensar no jantar dos bisnetos Mils, já que já começam a ser uns quantos também...



Agora imagine-se, no meio disto tudo, qual foi o número que me calhou na rifa, na lotaria de ordem de nascimentos? O número 1024... Um número considerado extremamente geek para quem anda no mundo informático, já que além de ser uma potência de 2 (números binários), é ainda o número de bytes de um Kbyte, o número de Kbytes de um MegaByte, o número de MegaBytes de um GigaByte, e por aí fora...


Dado que já vai no quarto jantar, as possibilidades de ser eu um dos elementos da organização do quinto jantar são mais que muitas mesmo... Se a sorte assim o ditar, lá terá que ser e com todo o gosto mas, por enquanto, a organização do próximo é vossa, primo Sérgio e prima Magda...

A festa de Natal

Acabadinho de chegar de Angola, o que poderia ser melhor que chegar e ter logo uma mega festa nessa noite? Bem, é verdade que poderiam ser muitas coisas, mas sem dúvida que uma festa é uma boa opção para comemorar o regresso!

Quando cheguei a Lisboa dia 19 de Dezembro de manhã vim imediatamente para casa, uma vez que estava bastante cansado e queria descansar umas horas... Ainda ponderei bastante se devia ou não ir directo para Santa Apolónia para apanhar comboio para a Covilhã mas, depois das muitas boas opiniões que ouvi sobre a festa de Natal da Deloitte, especialmente sendo a minha primeira festa de Natal, achei por bem seguir os conselhos dos meus colegas e ficar para a festa, abalando para a Covilhã apenas no dia seguinte de manhã...

Assim sendo, ao chegar a casa e depois de desfazer a mala para confirmar que de facto não faltava nada, apesar das mexidas "não autorizadas" em Luanda, deitei-me de imediato e, não fosse as inúmeras vezes que acordei devido a sentir frio, teria dormido que nem um anjinho até à hora em que meti o despertador, às 16h... E apenas meti o despertador porque tinha de ir levantar o bilhete para a festa até às 17h... Portanto, lá fui ainda meio ensonado levantar o bilhete, que pelo sim pelo não tinha reservado com direito a acompanhante, não fosse haver ainda mudança de planos à última hora...

Depois de levantar o bilhete ainda passei pela sala do projecto para ver o pessoal que entretanto já tinha regressado de Luanda uns dias antes e, conversa para cá conversa para lá, combinei ir jantar com Calheiros, com o Godinho, com a Carolina e com a Lara e depois seguir directo com eles para a festa. Excelente jantar este, num restaurante que o Calheiros se encarregou de reservar e que, além de restaurante, funcionava também como casa de fados... Apesar de ter sido num local pouco habitual e embora tenha sido consideravelmente mais caro, foi um jantar bem agradável, num ambiente completamente diferente... Para quem quiser um jantar e um início de noite assim um bocado mais alternativo, recomendo a Parreirinha de Alfama... Mesmo não sendo eu um grande apreciador de fado, achei o jantar e toda a envolvente muito boa!


Acabado o jantar e depois de ouvir mais algumas músicas, lá fomos nós então para a festa... Espectáculo mesmo, uma das melhores festas a que fui nos últimos tempos!!! Revi imenso pessoal conhecido e que já não via à imenso tempo, não só devido ao tempo passado em Angola mas também em virtude da alocação das pessoas a projectos e consequente alocação a trabalho fora do escritório... Pessoal muito fixe, um convívio enorme, uma discoteca reservada apenas para nós, bebidas à conta, miúdas giras, música cinco estrelas, um excelente ambiente mesmo!!!

Sem dúvida nenhuma, valeu imenso a pena ter seguido o conselho dos meus colegas e ter ficado propositadamente em Lisboa mais um dia devido à festa... No fundo, acabaria por ir dar ao mesmo já que, mesmo que tivesse ido para a Covilhã na sexta-feira, iria chegar cansado e provavelmente no dia seguinte iria passar a manhã toda a dormir... Ficando para a festa, acabei por me divertir à grande, fiz a viagem para a Covilhã na manhã seguinte e cheguei praticamente à mesma hora a que provavelmente acordaria caso tivesse ido logo embora... Resumindo e, concluindo, não perdi absolutamente nada...


O pior estava ainda para vir... Por volta das 5h e pouco da manhã, muita gente começou a ir embora e eu resolvi seguir o mesmo caminho, até porque tinha combinado com a prima Xanita ir ter com ela às 9h a Oeiras, de modo a poder apanhar boleia com ela para a Covilhã... Ao sair da discoteca, percebi imediatamente que não iria ser muito fácil regressar a casa... Aquela zona é realmente muito má a nível de transportes... À saída da discoteca, táxis nem vê-los, pelo que decidi caminhar um pouco de modo a atravessar para o outro lado da linha do comboio, na esperança de que do outro lado fosse mais fácil apanhar um táxi... Puro engano!!! É bem verdade que do outro lado passavam bastantes táxis, táxis disponíveis é que nada... Sempre de luz vermelha acesa no tejadilho!!!

Fui caminhando com a Sara, uma rapariga de auditoria que conheci ao sair da discoteca e que também andava à procura de transporte para casa... Entretanto, após caminharmos durante uns largos minutos, juntámo-nos a um grupo de pessoal do Porto que tinha vindo a Lisboa propositadamente para a festa, que já tinha conhecido durante o cocktail na Foz do Douro em Julho, e que andava basicamente ao mesmo que nós... Regressar a casa estava a tornar-se uma tarefa bastante complicada regressar a casa, já que a quantidade de pessoas a circular a pé na esperança de apanhar um táxi não parava de aumentar...

E o pior ainda estava para vir... A Catarina, que estava incluída naquele grupo de pessoal do Porto, começou a ficar cheia de frio e a desanimar... A pobre desgraçada já chorava, estava-se a começar a recusar a andar e chegou a um ponto que se não a segurassem tinha caído redonda no chão... A situação não estava nada boa e apesar dos muitos esforços quer para a tentar manter quente com casacos quer para encontrar um táxi não melhorava nada... Achámos por bem pedir ajuda e telefonar para o 112, mas daí a resposta foi "Ligue para os bombeiros..." Uma vez obtido o número dos bombeiros de Lisboa, a resposta destes foi "Não temos ambulâncias disponíveis, ligue para o 112 e diga isso mesmo..."

Muito embora os meus níveis de paciência e tolerância ao imprevisto tivessem melhorado imenso durante a estadia em Angola, pensei imediatamente: Welcome to Portugal!!! Como é que uma situação destas é possível de acontecer num país que, apesar de estar na cauda da Europa em quase tudo, se diz minimamente desenvolvido??? Por amor de Deus, e se a situação fosse mais grave como era?? Enfm, felizmente conseguimos arranjar um táxi e despachamos de imediato as quatro miúdas, que entre elas se organizaram para não deixarem a Catarina sozinha e para chegarem todas até às respectivas casas...

E lá continuei eu, com os restantes dois elementos do grupo já parcialmente desfeito, a tentar encontrar um táxi livre... Decidimos afastar-nos daquele local para um sítio mais isolado, já que só assim seria possível arranjar um táxi mais facilmente... Por fim, lá conseguimos e enfiámo-nos os três naquele táxi, mesmo sem saber as zonas para onde cada um de nós ia... Felizmente, até íamos todos para a mesma zona, o que acabou por facilitar imenso a viagem...

Ainda assim, cheguei a casa já depois das 6h30, cheio de frio e com a agravante de ter regressado nesse dia de um país tropical e bastante quente, não estando portanto habituado a uma temperatura daquelas nos últimos tempos... Conclusão: com o tempo que demorei a me aquecer um pouco junto ao radiador e preparar as coisas para o dia seguinte, deitei-me por volta das 7h sabendo que teria de acordar por volta das 8h... Uma horinha de sono, espectáculo!!!

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

A viagem de regresso - Parte III

Quando finalmente aterramos na ilha do Sal, em Cabo Verde, por volta das 14 horas locais (mais uma em Portugal, mais duas em Angola) a nossa animação começou ainda dentro do avião... À semelhança do que acontecera horas antes na aterragem em S. Tomé e Príncipe, desta vez foi um conjunto reduzido de portugueses malucos que desatou às vivas e a bater palmas... O melhor mesmo é nem referir muitos nomes mas, não querendo acusar ninguém, acho que o incentivo partiu do Gonçalo, que arrastou consigo uns tipos chamados André, Miguel, Daniel e muitos outros...

Depois de toda aquela algazarra, saímos do avião e entrámos num autocarro que nos transportou para o edifício do aeroporto... Mais valia que seguissem o exemplo de S. Tomé e nos deixassem ir a pé, já que se andamos uns 30 / 40 metros foi muito... Ao entrarmos no edifício do aeroporto, dirigimo-nos para a curta fila de controlo de passaportes, de modo a podermos pagar o visto de entrada no país. Íamos ter de esperar cerca de 12 horas pelo nosso voo de ligação para Portugal, portanto obviamente que não passava pela cabeça de nenhum de nós passar aquele tempo todo no aeroporto... Já que teríamos de nos sujeitar a tanto tempo de espera, pelo menos teríamos de arranjar qualquer coisa para passar o tempo, nos divertirmos à grande e à francesa e já agora porque não conhecer um pouco a ilha do Sal, que até nem é muito grande.


Após pagarmos o visto de entrada e ficarmos com mais um carimbo no passaporte, fomos recolher a bagagem, constatando de imediato que tinha sido remexida e inspeccionada à saída de Luanda... Como prova disso mesmo, bastava olhar para o cadeado forçado da minha mala e para o fecho parcialmente aberto da mala do Gonçalo... De qualquer maneira, assim à primeira vista não faltava nada, tal como se veio a confirmar depois... É um bocado mau uma pessoa saber que as suas coisas foram remexidas sem ser à frente da própria pessoa mas enfim, está-se a falar de Angola e já é excelente saber que ainda assim nada desapareceu...

Demos então início à nossa aventura por terras de Cabo Verde e, para tal, nada melhor que ter um meio de transporte próprio... Como tal, decidimos investigar qual o preço de alugar um carro até ao final do dia e tratámos do assunto ainda dentro do aeroporto. Alugámos um jipe novinho em folha, com apenas 7 mil quilómetros! Mal nós sabíamos ainda que numa paisagem como a da ilha do Sal, aquele veículo se iria revelar como o melhor meio de transporte que poderíamos ter arranjado... Durante as habituais formalidades de aluguer de um carro, grande motivo de risota, quando a senhora se vira para o Miguel, após este lhe entregar os documentos de identificação necessários para fotocopiar ao alugar, e lhe diz a muito custo numa mistura de português com crioulo: "Desculpe, mas o senhor enganou-se... Entregou-me a carta de condução da sua namorada..." Foi o suficiente para nos desmancharmos de imediato a rir... A foto da carta de condução do Miguel não tem absolutamente nada a ver com ele actualmente... Era bem exemplificativa dos seus tempos de rebeldia aos 18 anos: cabelo liso pelos ombros, sem grandes vestígios da habitual barba, de facto olhando assim à primeira vista compreende-se perfeitamente a reacção da senhora...

Uma vez esclarecido o equívoco e depois de arranjar o mapa, lá tivemos nós de procurar uma bomba de gasolina, não fossemos nós ficar apeados... Dirigimo-nos ao centro da capital da ilha, uma cidade pequenina muito pacata chamada Espargos e procuramos um posto de combustível. Obviamente, não foi propriamente díficil encontrar um, talvez um dos únicos existentes, mas em Cabo Verde já se sentia a diferença de preços do combustível relativamente a Angola, aproximando-se o preço dos praticados em Portugal...

Depois de abastecer, demos uma voltinha pela cidade e fomos até à zona mais elevada, de forma a tentar obter uma vista mais global sobre a ilha e sobre a cidade... Após subirmos uma estrada estreita de grande inclinação, chegámos finalmente ao topo de um monte, que parecia ter uma espécie de forte no topo e tinha um segurança à porta... Não conseguimos perceber muito bem o que aquilo era, mas tendo um segurança à porta percebemos que deveria ser alguma coisa importante e nem sequer fizemos uma tentativa de entrar... Preferimos tirar umas fotos, apreciar um pouco a paisagem desértica e voltar a descer para prosseguirmos com a nossa visita à ilha.


Depois de alguns quilómetros de estrada, em que apenas se via asfalto, um aspecto desértico dos dois lados da estrada e uma palmeira aqui, uma palmeira ali, decidimos tirar partido do potencial de termos alugado um jipe... Decidimos ir até uma praia e, aquilo que inicialente começou numa estrada de terra batida, rapidamente se transformou num trilho, cheio de buracos e pedras pela frente, até desaparecer por completo... Tínhamos assim liberdade para definir a nossa própria estrada e andar por onde nos apetecesse...


Na nossa incursão até à praia, na qual tirámos algumas fotos, o Gonçalo não resistiu a subir para cima do tejadilho do "nosso" jipe... E para não variar muito e manter o estatuto de "o mais doido do grupo" (eheh, estou a brincar!), foi também ele que fez o Miguel parar o carro para ir ter com um burro que se passeava desgovernado no meio da estrada... Já depois de ter agarrado na corda que o burro trazia ao pescoço e depois de esse momento ter ficado registado para a posteridade, ainda resolveu ir correr atrás do pobre animal quando este se afastou rapidamente dele após um curto espaço de tempo...


Numa das poucas fotos tiradas em Cabo Verde, ficou inevitavelmente registado o pôr-do-sol... Contudo, e depois das belíssimas fotos tiradas em Angola durante esse momento fantástico, o pôr-do-sol cabo-verdiano ficou inevitavelmente aquém das expectativas... É claro que o céu nublado também não ajudou muito mas, ainda assim, depois daquele privilégio magnífico vísivel em Angola, seria preciso bem mais para me impressionar...

Continuamos a nossa visita à ilha, dirigindo-nos para sul, em direcção a Santa Maria. Depois de estacionar decidimos dar um passeio a pé e, após algum tempo a caminhar, decidimos entrar numa loja para comprar umas recordações da nossa curta mas agradável passagem por Cabo Verde... Na dúvida quanto ao que comprar, ganhou força uma pequena tartaruga de madeira, visto ser este o símbolo de Cabo Verde...


Após algum tempo, e iludidos pelo anoitecer que, à semelhança de Angola, acontece muito cedo, acabámos por procurar um restaurante para jantar no centro de Santa Maria... Encontrámos uma esplanada com um aspecto muito agradável e rapidamente demos por nós a petiscar e a beber uma sangria carregadíssima de fruta... Mesmo para quem não é grande adepto de bebidas alcoólicas, devo dizer que estava deliciosa. Mais parecia um sumo de tuti-fruti que outra coisa!!! Finalmente, e depois de comer uma quantidade considerável de camarão, polvo, choco e uma série de outros petiscos que nos foram entretanto trazendo a nosso pedido, lá nos decidimos a comer também um dos pratos da gastronomia tradicional de Cabo Verde: uma cachupa rica deliciosa, de comer e chorar por mais!

Depois da cachupa veio a sobremesa, da qual ainda aproveitámos também o molho que regava a sobremesa de banana do Gonçalo... Para finalizar, e como bons e simpáticos clientes que fomos, a dona do estabelecimento ainda decidiu oferecer-nos uma bebida: grogue de canela... Que coisa tão amarga, meu Deus!!! Aquilo queimava tudo e mais alguma coisa tal era a quantidade de álcool e o pouco sabor a canela... Só mesmo devido à boa vontade e simpatia da senhora nos decidimos a beber aquilo, mas teve mesmo de ser de golada, caso contrário aquilo não ia lá...


Como ainda era cedíssimo, apesar da noite já cerrada, decidimos dar mais uma volta a pé, na esperança de encontrar um local onde nos pudéssemos divertir e passar um bom bocado até chegar a hora de voltarmos ao aeroporto... Acabámos por entrar numa loja que parecia mais adequada à Jamaica: música à Bob Marley, um cheiro mais ou menos intenso no ar que não deixa grandes dúvidas quanto à sua origem, um ambiente de "Cabo Verde, no stress..." e "Ya brother, tá-se bem..." Mas os donos da loja até eram malta porreira: tivemos um bocado à conversa e, mesmo sem comprarmos nada, ainda nos indicaram dois bares porreiros que ficavam ali pertinho... E foi precisamente nesses dois bares que passámos o tempo que nos restava em Cabo Verde, sempre animados e na galhofa, primeiro num bar, depois no outro, ambos com um ambiente impecável, bem frequentados e com música porreira.

Por volta da meia-noite, decidimos então abandonar o bar e, depois de alguns minutos a pé até chegar ao carro, iniciámos então aqueles que seriam os último quilómetros em Cabo Verde... Uma viagem alegre e animada, que só teve um momento triste quando ouvimos na rádio que o Benfica, a precisar de ganhar por oito golos de diferença e esperar um resultado favorável do outro jogo, tinha perdido... Mas dado que ninguém tinha grandes esperanças num resultado que garantisse a qualificação, essa tristeza também só durou umas réstias de segundo...

Foi em grande animação que estacionámos o carro no parque de estacionamento do aeroporto, principalmente depois de constatarmos o estado imundo em que deixavamos o carro por fora... É que, quando há um buraco aqui, um buraco ali, uma pedra aqui, outra acolá, um gajo ainda tem algum cuidado a conduzir para tentar evitar esses pontos... Mas quando se chega a um ponto em que uma pessoa se farta completamente de contornar obstáculos, ainda para mais tendo um jipe nas mãos e que ainda por cima não era nosso, facilmente se esquecem estes pormenores... Basicamente, foi sempre a direito e sempre a levantar borralho à nossa passagem, pelo que a traseira do jipe estava um pouco irreconhecível, tal a camada de pó acumulado... Felizmente, só tínhamos de deixar a chave num dos cafés do aeroporto e ninguém foi ver o jipe, caso contrário ainda nos pediam para ir lavar o carro...

E foi a cantar a plenos pulmões e a perguntar a toda a gente se sabiam onde era o Kinashish (um largo conhecido que existe em Luanda) que nos dirigimos à sala para levantar as malas... Obviamente, as pessoas olhavam para nós com aquele ar de "Quem são estes maluquinhos?", mas também dado que estavam ali de passagem o melhor era nem chatear muito e deixá-los ir embora depressa do seu país... Pelo menos, encontrámos uma pessoa que nos disse saber o que era o Kinashish... A senhora que estava responsável pela sala das malas no aeroporto, ao ver o Miguel começar a despir-se para vestir umas camisolas já em preparação para a chegada a Lisboa e ao ouvir o Gonçalo dizer-lhe "O Miguel vai-lhe mostrar o que é o Kinashish...", rapidamente se virou para nós e disse "Já sei o que é o Kinashish..." Não sei porquê, mas acho que a senhora tinha uma mente um pouco perversa... Dúvido muito que ela soubesse o que era o Kinashish, mas pronto, havemos de ficar na dúvida para sempre...

E com isto, depois do check-in feito e do controlo de passaporte, lá fomos nós para a sala de espera junto à porta de embarque do avião que nos iria trazer algum tempo depois de volta a Lisboa... Depois de uma noite muito mal dormida e depois de toda aquela ansiedade da partida, após quase um dia de viagem e das nossas aventuras por Cabo Verde, juntamente com aquelas bebidas durante o jantar, facilmente adormecemos durante uns tempos à espera da hora de partida do avião... Quando finalmente embarcámos, ocorreu ali um período de quase sonambulismo, já que depois de entrarmos no avião, rapidamente adormecemos novamente até chegar a Lisboa por volta das 7h da manhã hora local... Brrr... Que frio à saída do avião, já não estava de todo habituado a esta temperatura...

A viagem de regresso - Parte II

Este post é o segundo relativamente à viagem de regresso de Luanda para Portugal e irá descrever aquilo que aconteceu desde a partida de Luanda até à chegada a Cabo Verde, não esquecendo a rápida passagem pelo aeroporto da ilha de S.Tomé.

Após a invulgar escolha livre de lugares que se verificou ao entrarmos no avião da TAAG, em que eu fiquei juntamente com o Miguel e com o Gonçalo num banco com 3 lugares, a viagem começou de uma forma relativamente tranquila…

Apesar de qualquer um de nós ter gostado da experiência angolana, experiência na qual eu era o único “caloiro”, acho que todos nós estávamos felizes da vida por saber que estávamos de regresso a Portugal, particularmente numa altura de festas e sabendo que todos nós íamos ter alguns dias de férias. Como tal, julgo que o início da viagem ficou um pouco marcado por este pensamento, como que a saborear e já a antecipar o que se iria passar em Portugal nos próximos tempos… O pior já tinha passado, portanto a ansiedade diminuiu drasticamente e pudemos então começar a apreciar a viagem e a divertimo-nos.

O tema de conversa começou logo por saber qual tinha sido a minha opinião sobre a primeira ida a Angola e, mesmo tendo começado séria, recordando o que tinha corrido bem e o que tinha corrido mal, facilmente derivou para aqueles momentos hilariantes que se verificaram durante esta estadia e outras estadias deles… A juntar à animação que já era grande entre nós, ainda nos fartamos de rir à conta de um angolano que durante toda a viagem se fartou de protestar contra um polícia do aeroporto e que só dizia frases como “eu tenho dinheiro”, “eu não sou burro, a minha mãe pôs-me na escola quando era criança”, entre muitas outras que eu já nem me lembro…

A primeira etapa da viagem, entre Luanda e S. Tomé, passou-se rapidamente já que, além da distância ser relativamente curta e portanto a viagem bastante rápida (cerca de 1h30), ainda nos foi servido o pequeno-almoço… Tendo em conta que todos nós tínhamos acordado bastante cedo, obviamente estávamos já esfomeados e aquela comida serviu para nos manter entretidos durante uns tempos.

Quase nem demos pelo tempo passar e ficamos um pouco surpreendidos quando ouvimos o aviso para apertar os cintos porque íamos iniciar a descida para S. Tomé… Ficámos um pouco mais alerta e a olhar para a janela para tentar vislumbrar o arquipélago à distância mas, dado que isso tardou em acontecer e apenas se via oceano acabámos por desistir de olhar para as janelas…

Continuámos na conversa mais uns instantes até que de repente se sentiu uma guinada mais brusca e o avião a começar a descer mais acentuadamente… Olhámos imediatamente pelas janelas do avião e ficámos absolutamente fascinados com a paisagem: uma ilha cuja zona interior é extremamente verde, com um aspecto claramente tropical e que tipicamente se associa às selvas africanas (pelo menos, na minha opinião). S. Tomé deve ser um daqueles paraísos que ainda não sofreram grandes intervenções humanas, pelo que deve ser um arquipélago extremamente bonito de se visitar. Além disso, olhando para a parte mais exterior da ilha que conseguíamos ver, ficava-se com a clara sensação de que aquilo tinha sido ali montado como cenário paradisíaco para um filme qualquer: areia branca, um mar completamente azul clarinho, corais visíveis até do avião…

Ainda não tentei aprofundar o meu conhecimento sobre S. Tomé e Príncipe, mas conjugando a tranquilidade que o arquipélago aparenta com as possibilidades de exploração e visita às selvas, com aquelas praias que pareciam maravilhosas e com a possibilidade de fazer mergulho num mar como aquele, julgo que S. Tomé deve proporcionar umas férias extraordinárias!

Quanto à aterragem em si, foi outra das coisas surreais da viagem da TAAG… A pista começa numa língua de terreno que entra pelo mar dentro, o que dá uma nítida sensação de que o avião vai aterrar no mar… Apesar de nunca ter ido à Madeira, pelo que já ouvi dizer do aeroporto do Funchal, quer-me parecer que existem algumas semelhanças neste aspecto… Já muito próximo da pista, quase com as rodas a tocar na pista, começa o pessoal todo a bater palmas e a soltar exclamações como “Finalmente!”, “Aléluia!”, “S. Tomé terra bonita!!”… Obviamente, para quem está habituado a voos mais pacatos, aquilo surpreende qualquer pessoas e portanto ficámos com aquela expressão de “What the fuck?... O que é que se passou aqui?…” Olhando à volta, verificámos que o aeroporto só tem uma pista, não há qualquer vedação à volta, o edifício do aeroporto parece uma simples casa e além disso à pessoas de braços cruzados a assistir às aterragens e descolagens dos poucos aviões que devem passar por ali…

Após a aterragem e depois de quase toda a gente ter saído, foi-nos dito que poderíamos sair do avião caso assim o entendêssemos e ir até ao edifício do aeroporto durante cerca de meia hora. Obviamente, nenhum de nós tinha vontade de ficar enclausurado dentro de um avião durante meia hora, pelo que decidimos sair… Mal pusemos um pé fora do avião, fomos imediatamente bafejados por uma onda de calor…Isto só me fez recordar a sensação que tive quando saí do avião ao chegar a Luanda pela primeira vez mas, apesar de tudo, julgo que ali estava ainda mais calor que em Angola, o que não é nada de espantar dado que se está ainda mais próximo da linha do Equador…

Foi-nos dado um cartão de embarque “Em trânsito” à saída do avião e caminhámos até ao edifício do aeroporto: a pista é tão pequena que nem sequer há necessidade de autocarro para tal… É claro que o tempo disponível não era muito e portanto não deu para fazer nem ver grande coisa… Ainda assim, deu para nos divertirmos com alguns objectos expostos numa pequena loja de recordações do aeroporto. O Gonçalo chegou mesmo a comprar uma garrafa de gengibre afrodisíaco, que continha uma indicação no rótulo que à primeira vista nos causou uma gargalhada imensa quando o Gonçalo leu em voz alta: “Protege contra o VIH / SIDA”. O tema é sério, claro, mas ler que uma garrafa de afrodisíaco poderia servir como meio de protecção foi de desmanchar a rir… Afinal depois lemos melhor e o rótulo dizia “Proteja-se” e não “Protege”, o que já faz todo o sentido tendo em conta a garrafa em questão.

Passados cerca de 45 minutos vieram então avisar-nos que teríamos de regressar ao avião e lá demos então início à nova etapa da viagem, etapa esta que seria bem mais longa e que iria demorar cerca de 4h30. Para ajudar a passar o tempo, lá liguei eu o meu portátil, já limpinho de vírus, e o disco externo e escolhemos um filme para ver... E que filme é que nós escolhemos para ver? Por sugestão do Gonçalo, lá nos decidimos pelo Femme Fatale, com a participação da sensual Rebecca Romijn e com meia dúzia de cenas assim a fugir para o picantes... Agora imagine-se três marmanjos a ver um filme um pouco antes da hora de almoço, com o som no máximo e com o pessoal à volta e as hospedeiras a deitar o olho... Foi giro!

E com isto se passou nova etapa da viagem, com uma chegada tranquila à ilha do Sal, Cabo Verde, uma paisagem em nada comparável aquela que tínhamos visto anteriormente em S. Tomé. Parecia que estávamos a sobrevoar o deserto do Sahara... Só se via areia, terra e pedras... Mas as aventuras em Cabo Verde ficam para a próxima parte, que este post já vai bem longo :)

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

A viagem de regresso - Parte I

Acordei às 4h15 quando o despertador do telemóvel tocou com aquela sensação de quem quase nem chegou a dormir e apenas dormitou durante curtos períodos... Curiosamente, não me custou absolutamente nada a acordar, já que a ansiedade para partir era mais que muita...

Tinha ido na véspera a um balcão da TAAG na marginal de Luanda com o Gonçalo e com o André tentar confirmar se de facto estava tudo correcto com os nossos bilhetes e o resultado não foi muito animador... A intranet usada pela TAAG estava com imensos problemas e do pouco que se conseguiu saber, os nomes do Gonçalo e do André nem sequer apareciam nos ecrãs dos computadores e o meu nome já nem sequer foi possível verificar porque a rede foi abaixo de vez...

Íamos na mesma para o aeroporto na madrugada seguinte com alguma sensação de insegurança e receio de que pudéssemos não conseguir viajar naquele dia, o que complicaria imenso o nosso regresso a Portugal... Estando com o Natal quase a chegar, havia imensa gente a querer regressar, voos esgotados à imenso tempo, avisos de greve do pessoal de manutenção e hospedeiras da TAP, um caos completo... O medo de que o nosso bilhete tivesse sido vendido a outra pessoa através de um suborno chorudo para garantir viagem era mais que muito, já que infelizmente tudo funciona muito à base de esquemas manhosos e passagens de dinheiro bastante duvidosas...

Chegar ao aeroporto pouco depois das 5 horas da manhã e ver uma fila que atravessava o interior do aeroporto de uma ponta à outra não foi muito animador, mesmo sabendo que o aeroporto de Luanda não é assim tão grande como isso... Sorrateiramente e com a desculpa de que o nosso voo era daí a duas horas, lá fui avançando com o Gonçalo passando à frente daquela gente toda, que com o mesmo medo que nós, tinha ido imenso tempo antes para o aeroporto...

Por esta altura, já o André, que chegou uns minutos antes de nós, tinha passado o primeiro controlo de bilhete sem qualquer problema pelo meio, o que nos deixou um pouco mais descansados... Contudo, quando vejo o Gonçalo à minha frente a demorar mais tempo que o normal no primeiro controlo, comecei a desconfiar que algo não estava como previsto... Vê-lo depois a ser encaminhado para um canto e a pedirem-lhe para esperar um pouco porque não tinham encontrado o nome dele na lista e a dizerem-lhe que ele não tinha bilhete reservado para aquele dia também não ajudou nada... Felizmente, tudo não passou de um susto e tinha apenas havido um engano, acabando por passarmos ambos no controlo sem qualquer outro problema, seguidos pelo Miguel, o nosso último companheiro de viagem, que tinha acabado de chegar...

Passado este primeiro controlo, lá fizemos o check-in, fomos para a fila de controlo de passaportes, depois para a fila de raio-x e finalmente para a nossa porta de embarque... Parecia que era mentira quando finalmente chegámos à porta de embarque... Se tudo tinha corrido bem até ali, já não havia de ser naquela altura que haviam de impedir de seguir viagem... Contudo, pelo sim pelo não, quando chegou a altura de embarque, fomos bem para a frente da fila, não fosse a TAAG ter vendido mais bilhetes que a capacidade do avião e ter que ficar alguém em terra...

Ver na pista o avião da TAP que iria partir uma hora e pouco mais tarde que o nosso e que nos poderia trazer de volta a Lisboa sem qualquer escala pelo meio, também doeu um bocadinho... Saber que daí a umas 8 / 9 horas poderíamos estar em Portugal e que afinal a nossa viagem iria demorar 24 horas era sem dúvida um pouco desanimador... Pelo menos naquela altura o sentimento era esse, já que a viagem afinal de contas até foi espectacular... Tivesse eu muitas viagens como esta!!!

Primeira surpresa ao entrar no avião: "Não há lugares marcados..." ouvimos nós a hospedeira dizer... Onde é que isto já se viu??? Para nós deu-nos imenso jeito, já que do nosso check-in resultou viajarmos todos em lugares dispersos e assim poderíamos ficar juntos... Mas que é um pouco anormal ouvir dizer num avião que não há lugares marcados é de facto um pouco estranho...

E pronto, a primeira parte da viagem passou depressa... Não fazíamos a menor ideia que, no nosso regresso a Portugal, iríamos, além da escala em Cabo Verder, fazer escala também em S. Tomé e Príncipe... Foi portanto com alguma surpresa que ouvimos o Comandante "Kitumba" (se é que é assim que escreve...) desejar a todos, em seu nome, da tripulação e da TAAG uma excelente viagem rumo à Ilha do Sal em Cabo Verde, com escala na ilha de S. Tomé... Os aviões até nem são muito maus e não senti propriamente insegurança por estar a viajar num avião de uma transportadora aérea proibida de sobrevoar o espaço aéreo europeu, mas ainda assim recomendo à TAAG um investimento numas cadeiras um pouco mais confortáveis!

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Chickie.exe

Nota: Este post é relativo ao último dia de trabalho passado em Angola, dia 17 de Dezembro...

Conforme o título deste post deixa adivinhar, este post terá uma "costela" um pouco geek, já que se refere a um vírus que infelizmente apanhei no portátil da empresa... Não, não andei a consultar nenhum daqueles sites manhosos, nem abri nenhum email suspeito, nem executei nada de invulgar através da internet... A internet em Angola consegue ser tão lenta, que a sua utilização se resume basicamente a ler o mail, consultar sites de jornais para uma pessoa se ir mantendo actualizada, estar no MSN e pouco mais que isso...

Como é que eu apanhei então este vírus? Uma pessoa arma-se em bonzinho e empresta a pen a outras pessoas, que por sua vez inserem a pen em computadores angolanos e depois dá nisto... Computadores que pelos vistos estão completamente minados de vírus e que infectaram a minha pen... Bastou eu ligar a pen no meu portátil e aquilo correr o autorun e já estava o meu computador infectado... E que raio de vírus este que, ao fim de muita paciência para tolerar a lentidão da internet em Angola, descobri no Google chamar-se chickie.exe...

Este vírus esgotou-me a paciência por completo, já que me tirou o acesso a tudo e mais alguma coisa no portátil... O painel de controlo perdeu parte das funcionalidades, as impressoras configuradas também, o find e o run seguiram o mesmo caminho, não conseguia abrir pastas de rede, não consegui abrir sequer executar "C:" na barra de endereços... Enfim, foi do piorio mesmo...

Fiquei um pouco preocupado com medo de perder o trabalho todo que tinha feito nos últimos tempos, mas ao mesmo tempo agradecido por aquilo ter acontecido no último dia de trabalho em Angola... É que caso fosse preciso mandar o portátil para o departamento de informática para ser formatado, estava bem tramado por estar em Angola... Ia ter que aguentar assim até voltar para Portugal e pronto...

Contudo, e como muitas vezes também consigo ser um teimoso / determinado de primeira apanha, não descansei enquanto não resolvi aquilo... Ainda perdi um pouco de tempo durante o horário de trabalho a tentar arranjar uma solução, mas como vi que aquilo era coisa para demorar, optei por continuar a trabalhar com todas aquelas limitações e esperar pela noite em casa...

Quando cheguei a casa, já depois de jantar e de arrumar a mala para regressar a Portugal no dia seguinte, lá meti mãos à obra... Vi a coisa muito complicada no início, até que me lembrei de um programinha que já tinha usado para remover o copy.exe à cerca de um ano atrás... Hijackthis, lembram-se? Pois é, este programinha faz maravilhas... Consegui com ele corrigir a linha que me estava a impedir o acesso ao regedit e a partir daí foi sempre a recuperar os estragos que o vírus me tinha causado a toda a velocidade...

Consegui assim recuperar o acesso a tudo o que tinha perdido e evitar mandar o portátil para o departamento de informática mal chegasse a Lisboa... Se isso tivesse acontecido, até parece que já estava a ouvir o gajo: "eu bem vos avisei para terem cuidado com as pens", "metem-se a instalar skype, messenger e essas porcarias e depois dá nisto", "o portátil anda convosco mas é propriedade da empresa", etc.

Enfim, consegui abandonar o território angolano já com o portátil perfeitamente apto, com a pen limpa de vírus e com o disco externo imaculado, já que milagrosamente não chegou a ser infectado... Com isto tudo e com o facto de ter tido de arrumar a mala primeiro deitei-me for tardíssimo: já passava um bom bocado depois das 3 horas da madrugada quando fui para a cama, sabendo que tinha de acordar às 4h15 para poder ir para o aeroporto e que tinha uma viagem com duração total de quase 24 horas pela frente...

As últimas de Luanda...


terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Mussulo

Nota: Este post é relativo ao último domingo passado em Angola, dia 14 de Dezembro...

Depois de sete dias seguidos de trabalho, os quais se arrastaram entre um domingo e o sábado seguinte, sempre com cerca de 14 / 15 horas de trabalho por dia, eis que surge finalmente um muito merecido dia de descanso.

Estava tão cansado ao final do dia de sábado, que depois de jantar me sentei com o pessoal lá de casa a ver o jogo da Taça entre o Benfica e o Leixões e não consegui ver uma grande parte do jogo... Adormeci logo no início da segunda parte, não vi o prolongamento e só acordei para ver os penaltis porque me acordaram para tal... Mais valia não o terem feito, já que o resultado não me agradou propriamente muito...

Mas voltando ao título do post, retomo então o tema Mussulo. Mussulo é uma enorme língua de areia situada no mar um pouco a sul de Luanda. É um local um pouco isolado, já que se trata de uma espécie de ilha e cujo acesso é feito por via marítima. Quando cheguei ao embarcadouro assustei-me um pouco, já que algumas pessoas quase se atiravam para o meio da estrada na tentativa de serem eles a levarem-nos a um proprietário de uma embarcação, por forma a receberem a respectiva comissão por angariação de clientela... Lá me explicaram que aquilo era relativamente normal e que não havia perigo nenhum, pelo que lá fomos então calmamente a pé em direcção ao embarcadouro para apanharmos o nosso meio de transporte.

Foi uma viagem bastante agradável, em contacto próximo com o mar, a sentir aquele cheiro marítimo tão caractertístico e com alguns salpicos de água a atingir-nos a cara e que tão bem sabiam para refrescar um pouco! Não sei bem ao certo quanto tempo durou a viagem, talvez uns 15 minutos numa pequena lancha a motor com capacidade para cerca de 12 pessoas, até que finalmente chegamos ao nosso destino...

Pagamos a viagem ao nosso candongueiro do mar e toca de caminhar em direcção à praia onde íamos passar o dia. Bem, se eu já tinha gostado das praias na Ilha de Luanda e em Sangano, o que dizer desta... Um autêntico paraíso: mar calmíssimo, quase sem ondulação e com uma corrente muito ligeira, um calor infernal e completamente abrasador mesmo aquela hora da manhã, água bastante quente, uns cadeirões de praia para uma pessoa se poder estender ao comprido... Para aquilo ser um paraíso completo, acho que só faltavam mesmo umas "deusas" para espalhar protector solar! Acho que me ia custar um bocadinho a habituar a uma vida destas... Era capaz de custar um bocadinho no início, mas ao final de um ou dois segundos acho que me conseguia habituar sem grandes problemas!...

Foi um dia de completo descanso, com muito tempo passado em banho-maria na água quentinha do mar, a apanhar banhos de sol e até mesmo a jogar um bocado de vólei de praia... Escusado será dizer que, em consequência deste dia, consegui ficar sem uma boa parte da pele nas costas e nos ombros pela terceira vez num espaço de quase seis semanas... Entendo perfeitamente o facto de os angolanos e muitos outros povos africanos terem a pele bastante escura... Assim de facto é complicado resistir!

Depois de almoço, nada melhor do que tratar de garantir o nosso jantar... A coisa começou por brincadeira, mas ganhou proporções bem grandes... Começámos a apanhar uma espécie de ameijoas na praia cujas dimensões eram praticamente da palma da mão... Quando demos por ela, a palhaçada tinha resultado em um saco cheio, que nós achámos por bem transportar connosco juntamente com água para as manter vivas...

Durante a viagem de regresso a casa, já depois de nova aventura de barco desde o Mussulo até ao embarcadouro, ainda parámos para comprar algumas recordações. Infelizmente, o mercado de Benfica estava fechado ao domingo (segundo o nosso motorista Mário) e não deu para comprar quase nada, já que a oferta existente além de ser em pouca quantidade, era consideravelmente cara...

Ao chegar a casa, depois de uma boa banhoca para tirar o resto das areias e sentir a pele arder um pouco depois dos escaldões valentes desse dia, a cozinha foi o ponto de encontro para preparar o nosso petisco... De molho em água durante algum tempo para limparem passaram para uma panela de água a fazer e depois para um belo de um refogado com azeite, cebola e alho... O Miguel ainda ligou para nos assustar, a dizer que a mãe era nutricionista e que ela dizia que em certas alturas do ano não é muito bom comer aquilo porque têm muitas toxinas, mas só conseguiu demover o Gonçalo, que depois de tanta vontade para comer aquilo e para cozinhar, se armou em menino... O que é certo é que todos os outros comeram e ninguém ficou doente por causa disso... Que belo petisco aquilo deu!

Tive pena de não ter levado a máquina fotográfica para o Mussulo, mas pelo menos aqui fica uma foto do nosso petisco do jantar desse dia... ou o que resta dele...
E como um petisco nunca vem só, lá surgiu outra ideia fantástica para nos desfazermos da quantidade assombrosa de maçãs que geralmente se encontram no frigorífico: maçãs assadas no forno, com um bocado de açúcar a temperar e regadas com cerveja... Foi ver as maçãs a desaparecer num ápice!

I'm back!

Depois uma ausência prolongada de quase um mês, aqui estou eu de volta à escrita e a tentar deixar o blog em dia... Sim, porque não não é por eu não escrever nada desde o dia 9 de Dezembro que significa que pouca coisa tenha acontecido...

A última semana e meia de trabalho em Angola, o domingo fantástico no Mussulo, o malvado virús que se ia apoderando por completo do meu portátil da empresa em Angola, a atribulada mas espectacular viagem de regresso a Portugal, a festa de Natal da Deloitte, o terceiro jantar dos Mil, as férias de Natal, o Ano Novo, a ida ao Porto, e mais uma série de coisas que já deveriam ter merecido algum do meu tempo mais cedo... Conforme se pode ver, tenho muito que escrever, algo que vou tentar fazer progressivamente, pois todas estas coisas merecem um bocadinho da minha atenção e acho que vale a pena ficarem registadas para mais tarde recordar...

Portanto, é bastante provável que isto se torne um pouco confuso, pois vou tentar escrever tudo pela ordem cronológica com que as coisas aconteceram. No entanto, e para ajudar um bocadinho, vou deixar indicações quando se tratarem destes posts em atraso. Ainda assim, podem surgir outros posts que entretanto possa ir escrevendo pelo meio sobre outras coisas caso tenha tempo e as ache suficientemente importantes para as destacar aqui.

Ah, e já agora, apesar de já ir com alguns dias de atraso, aproveito para desejar um feliz Ano Novo a todos :)