sexta-feira, 22 de maio de 2009

CAVE

Muito boa gente se tem continuamente interrogado sobre o significado desta sigla que repentinamente começou a aparecer nos nick de Messenger de um conjunto reduzido de pessoas que estão na sala de projecto... Pois bem, se alguém julga que, ao ler este post, vai ficar finalmente a saber o significado da sigla, bem podem esquecer e começar a poupar tempo parando imediatamente de ler já no final desta frase...

Estive quase para meter como título deste post (EN) CAVE, já que uma coisa que até começou por brincadeira e nada relacionado com trabalho, facilmente começou a degenerar por nós próprios como sendo os gajos sempre "encavados" com trabalho... E novidades?...


Na minha modesta opinião, a pergunta "Quem é que não precisa de vir trabalhar amanhã?" tem tanto de retórica como de psicológica... Obviamente, ninguém anda propriamente a "brincar aos seguros" em Angola e, como tal, parece-me mais que natural que, mesmo tendo sido tomada a decisão de adiar tudo algumas semanas em Abril quando as coisas não correram como esperado, toda a malta tenha continuado a dar-lhe, precisando neste momento de se fazer uma reflexão consciente das coisas que cada um alterou...

Assim sendo, foi para mim bastante natural quando vi os braços um a um no ar de quase todos, não tendo havido surpresas... Do mesmo modo, parece-me também bastante evidente que, mesmo quem possa ter andado a fazer outras coisas não tão directamente relacionadas com isto, acaba por ser necessário face ao que é preciso fazer, mais que não seja porque também deram nessas tarefas um contributo bastante valioso e têm enorme conhecimento sobre diversos temas... Como tal, vemo-nos às 10h amanhã para pelo menos mais um dia ao fim de semana de trabalho...

Onde é que eu já vi isto acontecer num passado não muito distante?? Pois, acho que sim, também penso que não devo estar a sonhar acordado... Parecia bom de mais para ser verdade... Eu bem me parecia que tinha sido um bocado ingénuo ou optimista demais quando pensei que a fase anterior tinha sido excepcionalmente complicada e que o Murphy tinha sido inexplicavelmente omnipresente... Não sei se pensei bem ou mal, mas a verdade é que estou a ver demasiadas coisas começarem a repetir-se a pouco e pouco, o que pode dar asas gigantes a que se voltem a repetir os exageros do passado recente... Oxalá eu esteja mesmo completamente enganado, para bem da sanidade física e mental de todos nós...

Se estou ressabiado com tudo isto? Sinceramente, não estou ressabiado... Compreendo a situação actual e quero acreditar (e muito) que isto é relativamente passageiro, que daqui a duas semanas a coisa vai estar calmíssima e que é necessário este forcing neste momento... Aliás, vendo bem as coisas, isto não me deixa nem de longe nem de perto mais chateado que ter andado a semana toda a fazer de monkey tester.... E recuperando uma das minhas frases de eleição, pior que ser um monkey coder só mesmo ser um monkey tester...

E para finalizar, deixo um abraço especial aos membros do CAVE! Consegui cumprir a promessa e não divulguei nem o significado da sigla nem as suas iniciativas top secret... E se alguém leu até aqui a pensar que o meu primeiro parágrafo era a brincar, vai ficar um bocado desiludido mas não se pode queixar de eu não ter avisado.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Sangano

O último fim de semana começou bastante mais cedo que o normal já que, logo após o almoço, ficamos sem energia eléctrica... Já desde o início da manhã que se trabalhava sem servidores, sem internet e sem electricidade de rede pública, até que os geradores também acabaram por falhar... Foi apenas uma simples questão de tempo até as baterias dos portáteis terem também terminado e o fim de semana começar mais cedo...

Por esta altura já se combinavam planos para o fim de semana, embora se estivessem a combinar vários sítios e grupos em paralelo. Apesar de já ter passado um fim de semana em Sangano logo na primeira estadia em Angola, acabei por escolher este local novamente, já que acho aquela praia espectacular.

Depois de tudo combinadinho com o Fernando, o Paulo, o Diogo e a Carina, fizemo-nos à estrada no dia seguinte. Após um desvio bastante rápido pelo Palm Beach, acabámos por ficar durante algum tempo em filas de trânsito que se arrastaram até um bocado depois do mercado de Benfica... Raio de azar, duas horas e tal para fazer uns míseros cem quilómetros... Pára, arranca, pára, arranca, mas sempre com boa disposição a reinar dentro do Nissan Sunny (sim, o mesmo que eu enfiei num buraco...)

Miradouro da Lua - Daniel, Fernando, Carina e Paulo

Pelo caminho, paragem obrigatória no Miradouro da Lua, um local rochoso bastante esquisito e um pouco mal enquadrado na típica paisagem que se costuma ver por cá... Já tinha visto várias fotos do local, quer na net quer de outro pessoal que já tinha estado lá, mas nunca tinha feito o curtíssimo desvio entre a estrada principal e este miradouro. Vale bem a pena admirar a paisagem única, com o mar mesmo em frente a perder de vista, aquelas rochas de feitio um bocado estranho... Penso que o nome do miradouro foi muito bem escolhido, até porque a sensalão que fica parece ser mesmo aquela de estar num outro planeta qualquer que não a Terra.

De regresso ao carro, continuou-se em óptima boa disposição e cumpriram-se os poucos quilómetros que ainda faltavam até ao desvio para a praia de Sangano, ou seja, até ao desvio situado após uma ligeira subida e onde se começava finalmente a descer o caminho de terra batida que nos levaria até à praia. Pelo meio, lá se fez uma nova paragem junto a uma casa do partido MPLA pertencente a Sangano e Cabo Ledo, só mesmo para tirar mais umas fotos e ter mais algumas recordações.

Praia de Sangano - Raquel, Diogo, Fernando, Carina, Daniel e Paulo

Depois de estacionar o fabuloso Nissan Sunny, que começa a estremecer por tudo quanto é lado ao chegar aos 110 km/h no caminho de acesso ao restaurante Pirata, começámo-nos a encaminhar para a praia para nos juntarmos ao grupo de malta "conhecida" (eu só conhecia duas pessoas... e mal...) e tenho logo o primeiro pesadelo...

Praia de Sangano - Paulo, já fossstesssssss...

Estou eu a caminhar já de toalha ao ombro pela areia fofinha da praia e começo a ver um cão pequeno aproximar-se... Com todos os problemas relativamente recentes sobre surtos de raiva em Angola, todo o cuidado é pouco, portanto estava já eu a afastar-me um pouco quando vejo o raio do bicho aproximar-se todo contente a abanar o rabo... Bolas, nem a cem quilómetros de Luanda me livro deste animal estúpido!? Então não é que o Alexandre, que vive na mesma casa que eu, decidiu levar o raio do bicho para Sangano!? Gosto muito de animais e em particular de cães, mas esta é definitivamente uma relação profunda de ódio-ódio... O melhor mesmo é ignorar...


Debaixo daquele calor e com um mar tão apetecível à frente, pouco tempo conseguimos resistir até que nos decidimos a tomar um bom banho naquela água salgada que a todos, excepto à Carina, pareceu fria... De certeza que devemos estar a ficar mal habituados, já que ela achou a água espectacularmente quentinha... Coisas de principiante em terras angolanas, só pode!

Gosto mesmo muito desta praia e começo a colocar o Mussulo seriamente em causa... Sangano fica um bocadinho mais distante, mas vendo bem acaba por não ser assim tão mais longe... Além disso, o Mussulo é já bastante mais turístico, mais caro, com uma praia bem mais pequena e com uma grande agravante: só tem ondas dignas desse nome quando alguma embarcação, vulgo lanchas rápidas, passa na zona em que se está... Além disso, a brincadeira fica a rondar os cinco mil e tal kwanzas no total, tendo em conta que o almoço é um mero hamburguer e um simples sumo...

Já Sangano, pelo contrário, tem uma ondulação porreira, com algumas ondas e uma maré mais agressiva, dando bem mais gozo andar no mar... Além disso, muito contrariamente ao Mussulo, é um sítio muito menos europeu, com uma proximidade maior à população de pescadores local, onde se comem umas lagostas deliciosas e bebem umas caipirinhas bem açucaradas ao almoço por um preço bem mais baixo... Assim sendo, é só vantagens mesmo!


Depois de mais algumas idas ao mar, bastante tempo a apanhar banhos de sol, depois de uma bela passeata pela praia, chegou a altura em que o paraíso parecia estar a terminar, já que o sol começava a descer no horizonte, dando origem às já habituais e míticas fotos de pôr-do-sol na praia...

É muito engraçado ver que, normalmente ao reunir as fotos de um grupo de pessoas que esteve num determinado local, todas elas têm obrigatoriamente fotos do pôr-do-sol... E o impressionante é que, independentemente do número de vezes que se vá ao mesmo local, acabam sempre por aparecer mais e mais fotos deste momento de final de tarde, momento este que simultaneamente nos hipnotiza durante alguns instantes, mas que também nos avisa que são horas de assentar os pés na terra e começar a pensar em regressar a casa...

No entanto, aquilo que acaba por ser ainda mais caricato é que, olhando para as fantásticas fotos de pôr-do-sol que se conseguem tirar, acaba-se por se conseguir facilmente perceber o porquê de tantas fotos tiradas neste momento mágico... Por mais que se tente, é um pouco complicado resistir à tentação de carregar mais algumas vezes na máquina fotográfica e tentar obter as melhores perspectivas.


Uma vez tiradas mais sei lá quantas fotos para colocar no álbum de recordações, quase todas elas tiradas pelo artista da fotografia Diogo e pela sua super máquina fotográfica, hora também para algumas fotos dignas de postais, tentando fazer poses diferentes e brincar um pouco com o pôr-do-sol.

Habituava-me bem a uma vida assim, mas infelizmente tinha já chegado a hora de regressar a casa e repetirmos os cem quilómetros percorridos durante a manhã para regressar a Luanda. Desta vez, e também para dar algum descanso ao Fernando, passei eu para os comandos da viatura e fiz a viagem toda de regresso a conduzir... Conduzir à noite numa estrada não iluminada e com um carro daqueles não é propriamente fácil, já que acaba por não se ver muito do que está para a frente devido aos faróis algo estrábicos, nem mesmo em máximos... Tem de reinar a precaução, a atenção e o bom senso de andar mais devagar e não fazer manobras perigosas...

A viagem fez-se bem, passou-se a ponte do rio Kwanza e respectiva portagem sem sermos multados pela polícia devido à ausência de um extintor no carro (sim, eu sei que é estúpido, mas não era de todo a primeira vez que alguém teria sido multado por esse motivo...), até que se regressou à famosa confusão no trânsito... Devo dizer que cheguei a casa com dores nos pés tal não foi a quantidade de tempo que passei a fazer pontos de embraiagem sucessivos!


Já finalmente em Luanda, foi só uma quesão de tempo até ir levar o Diogo e Carina ao Palm Beach, deixar o Fernando e o Paulo na casa amarela do Bairro Azul e chegar finalmente a casa! Tudo isto não sei antes se começar a combinar uma saída nocturna ao Chill Out, se bem que sobre este tema é melhor nem me alongar muito... Mas só para verem como a noite foi animada, a malta acabou às cinco da manhã, depois do Chill Out, na piscina do Palm Beach a mandar uns mergulhos e a refrescar... Foram um dia e uma noite em cheio e o que é certo é que só cheguei a casa às sete da manhã já o sol ia alto, cansado certamente e com os boxers molhados e a cheirar a cloro na mão... Peripécias da noite!

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Camba

Este post é dedicado ao mister Edgar "Edy" Patrício, mais conhecido entre a malta por Camba!

Um post com natural direito a fotografia que já estava prometido à algum tempo atrás mas que, devido ao trabalho associado à última estadia e também devido a alguma preguicite aguda para escrever que entretanto se apoderou de mim durante uns tempos, foi sendo sucessivamente adiado...

Camba, o Database Administrator da ENSA que tem vindo a dar o seu contributo no projecto, quer na gestão das bases de dados, quer dando uma perninha na administração de sistemas. Obviamente, tem-se relacionado muito mais com a malta da tecla (ou seja, implementação) e fiquei positivamente surpreendido pela forma como se relaciona com o pessoal e como se tem integrado no projecto.

Ah, e já me ia esquecendo: os meus parabéns pelo novo Cambazinho que está a caminho!

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Primeira condução em Angola

Ter tirado a carta na cidade do Porto, contribuiu certamente para aquirir logo à partida um maior nível de desenrascanço a conduzir, já que fiquei bastante habituado a conduzir com muito movimento, a saber lidar com filas de espera, a ouvir buzinadelas para avançar ainda antes de os semáforos mudarem para verde, etc... E se eu considerava que algumas aulas eram equivalentes a conduzir numa selva, tal não era a quantidade de manobras proibidas, perigosas e não sinalizadas que via, conduzir em Luanda é exponencialmente pior...

Depois de ter tirado a carta de condução no Porto, ter feito várias viagens no IP5, uma estrada até à bem pouco tempo considerada uma das mais perigosas e mortais em Portugal, ter conduzido em Lisboa já algumas vezes, acho que conduzir em Luanda pode ser bem mais divertido e também mais stressante, dependendo da situação...

É claro que passar montes de tempo parado em filas, não conseguir arranjar para estacionar, passar em algumas zonas consideradas mais perigosas, ter os típicos arrumadores em muitos sítios são alguns dos problemas mais comuns que tornam a condução chata e stressante...
Mas por outro lado, a flexibilidade que esta gente arranja a conduzir é impressionante, senão vejamos: criam-se novas faixas onde elas não existem, estaciona-se em terceira fila se for preciso, o sentido das faixas varia com grande dinamismo e de acordo com a necessidade, circula-se pela berma e às vezes até pelo passeio, não é obrigatório seguro automóvel, os toques existentes nem obrigam a paragens e discussões, tudo com bastante sentido prático... Portanto, comforme se pode ver, há muitas vantagens na condução local!

Além disso, há que considerar também a parte de evitar os maiores buracos existentes nas estradas, bem como evitar os restantes condutores que não respeitam sinais, regras de prioridade e até os restantes condutores... É giro, parece que se está a andar de carrinhos de choque, mas a pista é a cidade inteira! Quero ver como vai ser para uma pessoa se voltar a habituar a conduzir "normalmente" em Portugal...

Estou a introduzir este tema, já que na segunda-feira passada tive a minha primeira experiência de condução em território considerado hostil no que à condução diz respeito... Estou, naturalmente, a falar da primeira vez que tive de conduzir em Luanda, uma cidade completamente sobrelotada e com um trânsito absolutamente caótico...

O Paulo (motorista) estava-se a cortar a ir levar-me e ao Teodoro ao Jango Veleiro, local do jantar de aniversário da Carolina... Como tal, para nem haver mais chatices e para não ficarmos eventualmente pendurados sem motorista depois, lá aceitei ficar com o carro, ir a conduzir para o restaurante e depois ficar com o carro até ao dia seguinte.

Bem, devo dizer que a primeira vez que conduzi cá ia-se tornando um bocado traumática... Estava a correr tudo bem e sem o mínimo vestígio de problema até que, mesmo quando estavamos já pertíssimo do restaurante, desaparecemos dentro de uma autêntica cratera... A estrada em frente ao Náutico é recorrente no que diz respeito a ficar completamente inundada à mínima chuvada, pelo que ainda havia uma autêntica piscina na zona devido à chuva do sábado.

Ao chegar a este ponto, foi logo parar, engatar a primeira mudança e avançar devagarinho, já que sabia perfeitamente que algures ali havia um buraco gigantesco... O pior mesmo era saber que era algures ali, mas saber a sua localização exacta era impossível já que a água não o deixava vislumbrar... Então não é que estou a desviar-me devagarinho para o meio da estrada, para o tentar evitar e fazer com que o buraco passasse por baixo do carro e entre as rodas, e me fui enfiar exactamente no local errado? Só senti a roda a escorregar lá para dentro, aquilo tudo a arrastar em baixo e o carro a aninhar-se naquela cratera... Ops... Nada de entrar em pânico!

Quatro piscas ligados, tentar arrancar suavemente e nada... Nem mexeu! Mau, não está fácil isto... Aumentar a rotação acelerando, aumentar, aumentar, começar a sentir o carro a patinar e água a saltar das rodas e... Nada! Hora de começar a entrar um bocadinho em pânico... Como se costuma dizer, quando a coisa não vai a bem, muitas vezes vai a mal... O plano B foi mesmo à bruta: mudar para a marchar atrás, ver se não havia ninguém atrás e vá de recuar à doida para voltar à "superfície"! Felizmente desta vez correu bem e não tivemos problemas de maior, nem para chegar finalmente ao restaurante nem depois para voltar a casa...

E agora perguntam vocês pelo estado em que ficou o carro depois desta aventura... Bem, devo dizer que se isto me tivesse acontecido com o meu Auris, ia-me doer tudo até à alma... Mas felizmente, os carros que circulam em Angola são autênticas máquinas de guerra e este fantástico Nissan Sunny não foge à regra! Um ou outro arranhão pequeno, no sítio onde arrastou ao entrar para a cratera e pronto, na mesma! Sempre pronto a andar!

E já agora, aqui fica uma imagem caricata de uma situação que vi hoje de manhã enquanto tomava café no terraço da ENSA... Só foi pena que, enquanto fui a correr buscar a máquina fotográfica, a situação tivesse ficado "resolvida", à boa maneira do desenrascanço angolano... Uma candonga perdeu (literalmente) a porta de correr lateral em plena marginal e qual foi a fantástica solução adoptada depois da tentativa falhada de voltar a encaixar porta? Pois bem, duas pessoas, uma em cada extremidade da porta, a segurar... Espectáculo! :)

domingo, 10 de maio de 2009

Promessas: as tempestades tropicais

As promessas são feitas para serem cumpridas portanto vou tratar de cumprir já uma delas neste post sobre as tempestades tropicais.

Já muito tinha falado do imenso temporal que se abateu sob Luanda à alguns tempos atrás, que inclusivamente causou alguns estragos no nosso local de trabalho e forçou mesmo algum repouso devido à falta de condições para trabalhar...

A foto em baixo, foi das coisas mais estranhas que já vi em Angola... O céu começou a ficar demasiado castanho / amarelo por volta da altura do pôr do sol, que inclusive deixou de se ver, começou a levantar-se uma ventania tremenda e passado algum tempo o campo de visão já era consideravelmente mais reduzido! Esta tempestade começou, nada mais nada menos, numa mini tempestade de areia, já que bastava chegar ao terraço para se sentir o impacto na pele e nós olhos...

Foi giro, já que durante alguns momentos a própria Ilha deixou de se ver. Não valia a pena tentar vislumbrá-la no horizonte sequer, já que quem não soubesse o que estava por trás daquela mancha de areia... Logo de seguida, e para assentar a quantidade de pó existente no ar, nada melhor que uma daquelas tempestades tropicais, com uma quantidade de chuva assinalável num curto espaço de tempo, para logo após dar lugar ao bom tempo novamente.

As tempestades mais incríveis são de certeza aquelas com imensos relâmpagos, cujos clarões são capazes de ajudar a iluminar a baía durante alguns instantes, e ainda a elevada precipitação que ocorre, que no espaço de pouco tempo consegue inundar a cidade de uma forma incrível... É óbvio que há imenso pó na cidade, que a drenagem de água é praticamente inexistente ou está entupida, que é um país tropical e normalmente estas chuvas são abundantes quando ocorrem...

Mas mesmo assim, acaba por ser impressionante ver os efeitos que uma chuvada que normalmente não dura mais que alguns minutos pode ter na cidade e no seu quotidiano.


Quer a foto abaixo quer a foto acima são ambas da autoria do Pinto, naquele sábado em que eu fiquei em casa de descanso e em que supostamente iria cumprir o turno de trabalho no domingo... Enquanto eu andei feliz da vida na piscina do Palm Beach e a sentir a chuva bater-me nas costas enquanto nadava, abatia-se sobre o outro lado da cidade uma tempestade com efeitos brutais...

Depois de ver os vídeos que a malta filmou, fiquei parvo: até água caía das lâmpadas e curto-circuitos nem vê-los... Como é que isto é possível?... Cá para mim, devem ter desenvolvido algum sistema eléctrico em que a água não é condutora, só pode... :)

A foto anterior demonstra bem o estado "líquido" em que a marginal de Luanda se tornou, já que as ondas conseguiam chegar inclusivamente a meio da avenida... Se se tiver em consideração que a ondulação nesta zona costuma ser bastante reduzida, já se pode ficar com alguma ideia da dimensão desta tempestade.

De seguida, fica também um pequeno vídeo ilustrativo, embora eu tenha ficado um bocado desiludido com esta funcionalidade... Não estivesse eu em Angola e com uma velocidade de internet algo lenta e apagava-o já daqui... Fiquei um bocado chateado por ver que, depois de imenso tempo à espera que o upload do vídeo terminasse, o vídeo ficar reduzido a um tamanho minorca e com apenas vinte segundos de duração... Para a próxima prometo que uso a minha conta do You Tube, faço lá o upload e coloco o vídeo embebido aqui... Enfim, fica apenas um cheirinho do que aconteceu naquela tarde!


Tempo voador!

Qualquer analogia entre o título deste post e um tapete voador é pura coincidência... A única coisa em comum é mesmo a palavra e o conceito voador!

Conforme puderam reparar, o meu blog esteve mais uma vez ao abandono durante um período algo longo, já que o seu dono de vez em quando esquece-se das suas responsabilidades de escrita... Tanta coisa há para dizer desde o último post relativo a hibernação, que eu nem sequer vou detalhar tudo, caso contrário este ia ser mais um daqueles posts de grande dimensão...

Vou apenas dar uma visão rápida de tudo: a não entrada em produção na data prevista (ou o fecho do CCO - Centro de Controlo Operacional, alternativamente), a última semana em Luanda antes de ter viajado para Portugal (a mais calma de toda a estadia), o fabuloso top 3 Angola da última noite no Caribe (deixo à vossa imaginação pensarem o que seria este ranking), a turbulenta viagem de regresso marcada pelos poços de ar, a Páscoa, a surpresa inesperada da semana de férias dos meus pais em terras lusas, a minha própria (quase) semana de férias, a primeira "multa" (foi da EMEL, nem conta...), as restantes duas semanas relativamente tranquilas por Lisboa, a surpresa dos vistos em "análise superior" (seja lá o que isso for...) na embaixada de Angola em Lisboa, a primeira francesinha em Lisboa (não era má de todo, mas...), o jantar e a jogatana de PES em casa do Gonçalo e, finalmente (ouf... esta frase tem potencial para ser a mais longa de todo o blog), a viagem inesperada de regresso a Luanda na última quarta-feira quando já ninguém o esperava!

Conforme puderam constatar, muita coisa se passou desde o último post para cá e, tendo em conta que entretanto até houve uma viagem de ida e volta a Portugal pelo meio e tudo, estes factos só me ajudam a demonstrar e a provar o título do post: o tempo passa a uma velocidade supersónica!!!

Há alguns dias, numa viagem de comboio em que ia demasiado pensativo, dei por mim a pensar e a reviver algumas situações do passado... E comecei-me a aperceber que já passou mais de um ano desde que saí da faculdade (aulas), já trabalho à mais de um ano, não vou a França à quase dois anos, já passei praticamente tanto tempo em Luanda como em Lisboa, etc. Bem, o melhor mesmo é ficar-me por aqui, senão esta frase também teria potencial para ser superior à outra em tamanho...

E agora, tendo como influência os recentes acontecimentos na série Lost, que me "obrigou" a ficar acordado até às 3h da manhã para poder ver o episódio quinze da quinta temporada, pergunto-me se às vezes não seria excelente meter um bocado de travão no tempo, prender os ponteiros do relógio para avançarem mais devagar...