quinta-feira, 25 de junho de 2009

Primeiro aniversário "internacional"

Pela primeira vez em quatro viagens para Angola, o visto do meu passaporte saiu a tempo, sem um único dia de atraso mesmo tendo em conta uma semana de feriados pelo meio. O facto de ter o passaporte na mão com tudo tratado, associado ao facto de estar a ser necessária a minha presença no local de "combate" e outros factores que o Murphy inventou desta vez, acabaram por ditar o meu regresso uns dias mais cedo do que esperava... Como tal, em plena noite de S. João, lá estava o Daniel a meter os pés num voo da TAP com destino a Angola mais uma vez, tendo chegado um dia antes do meu aniversário.

Tal como o título do post sugere, este foi o meu primeiro aniversário fora de Portugal. Não que o facto de acordar num dia com 23 anos e no dia seguinte com 24 faça grande diferença, nem tão pouco o facto do local onde é passado não ser Portugal. O fundamental mesmo é as pessoas!

Como é evidente, é claro que me custou não estar neste dia com todas as pessoas que queria, desde família, a alguns amigos da terra, outros que fiz em cinco anos no Porto e até mesmo outros com os quais fui estabelecendo ligações desde que estou a trabalhar em Lisboa, nos quais se incluem alguns colegas de trabalho...

Ainda assim, não descurando o facto de não estar com todas as pessoas que desejaria estar e tal como referi no discurso que fui obrigado a fazer no jantar, achei bastante positivo o facto estar rodeado de várias pessoas com as quais convivi ao longo dos últimos meses e que, de certa forma, acabam por colmatar um pouco essa necessidade pelo bom ambiente que proporcionam.

Além disso, devo referir que gostei da logística deste aniversário... Devo dizer que não ter que movimentar uma palha para organizar o jantar, ainda por cima estando num país com uma logística que pode ser algo tramada no que a este tipo de organizações diz respeito, devo dizer que calhou bastante bem por coincidir com o jantar mensal de projecto!

A todas as pessoas que me felicitaram, o meu muito obrigado mais uma vez! :)

domingo, 21 de junho de 2009

MIEIC @ Lisboa - Parte II

Alguns meses depois do MIEIC @ Lisboa - Parte I, eis que surgiu mais uma jantarada dos MIEIC's a trabalhar em Lisboa. A ideia de reunir a malta toda que está em Lisboa num jantar já tinha sido lançada no dia da graduação, quando nos encontramos novamente na faculdade. Logo a seguir ao dia da graduação viria a semana dos feriados, em que quase toda a gente estaria de férias mas, na semana seguinte lá chegou finalmente o email do Zé a combinar a dita jantarada.

Depois de uma longa thread de emails que quase chegou a 50 emails só para combinar o jantar, lá ficou então o jantar combinado para quinta-feira. Não fazia ideia que já havia tantos ex-feupinhos do meu curso a trabalhar em Lisboa... Tendo em conta que em 2003 entraram cerca de cem pessoas no curso, fiquei admirado por saber que já há um total de dez pessoas daquele ano em Lisboa... Nada mais nada menos que 10% já, apenas um ano depois de se ter terminado o curso!

Isto admira-me já que a maioria dessas pessoas eram do Porto, ou pelo menos da zona Norte, e com alguma resistência em dar um pontapé na vida e vir para Lisboa... As excepções não são propriamente muitas! Lembro-me perfeitamente de que, na altura em que se criou um mapa no Google Maps para cada um assinalar a sua morada e deixar o contacto, eu já era das pessoas com a morada mais distante do Porto... E mesmo assim, eu próprio, na altura em que fui confrontado com a possibilidade de deixar o Porto e ir para Lisboa, andei uma semana um bocado angustiado com a decisão, sempre a pensar imenso e a ponderar bem a escolha.

Bem, já me fartei de escrever e ainda não disse nada sobre o jantar em si... Depois do primeiro email enviado e após quase 50 emails, lá se marcou o jantar para quinta-feira no Orange, na zona do Bairro Alto. O jantar foi sem dúvida muito animado e inevitavelmente acabou com muitas das histórias mais caricatas e engraçadas que aconteceram ao longo do curso a serem recordadas.

Ainda chegou a haver algum convívio pelas ruas do Bairro Alto mas, face ao adiantar da hora e porque a vida de estudante já se foi e o trabalho chamava ao outro dia, a malta foi indo para casa a conta-gotas. Venham mais jantares destes! Só espero é estar em Lisboa quando acontecerem!

domingo, 14 de junho de 2009

Minho road trip

Depois de uma estadia de quatro dias no Campo do Gerês, eis que infelizmente tinha chegado o último dia de férias... Tal como planeado na véspera ao jantar, o último dia teria de começar cedo para ser bem aproveitado...

Acordar às 8h da manhã, tomar o pequeno-almoço, desmontar tendas, acomodar a tralha toda novamente no carro e pagar as contas em dívida na recepção do parque de campismo... Mas o dia ainda seria longo! Com o GPS ligado, o destino ainda estaria longe de ser a Covilhã novamente... Ia-se fazer um pequeno passeio pelo Minho que, depois da pacatez das zonas por onde tínhamos andado nos últimos dias, deveria abranger duas das cidades minhotas mais importantes.

Primeira rota: Campo do Gerês - Terras de Bouro - Braga

Vista da cidade de Braga, a partir do Bom Jesus

Chegados a Braga pouco antes das 11h, a ideia era mesmo visitar o Bom Jesus. À boa moda portuguesa, as poucas indicações que existem para o local, que possivelmente é dos mais visitados por quem vai à cidade, deixam pura e simplesmente de existir... Com o GPS programado para o centro da cidade e não conhecendo muito bem o trajecto a percorrer, vá de seguir as indicações do GPS e dos sinais para o centro, sempre com a consciência plena de estar a seguir um caminho errado e na expectativa de voltar a encontrar um ponto de referência que nos pudesse orientar...

Bom Jesus de Braga

Os elevadores que permitem subir a encosta do Bom Jesus tem uma particularidade engraçada. Além de bastante antigos já, o seu autor era um autêntico MacGyver da época, um engenhocas visionário de um tema que hoje em dia anda cada vez mais na baila: as energias alternativas!

Tal como a foto seguinte demonstra e tal como muita gente já ouviu falar da grande escadaria do Bom Jesus, a encosta tem uma inclinação bastante acentuada. Esta inclinação assume ainda mais relevo se tiver em conta um sistema de dois elevaores que fazem toda a ligação em linha recta! Pois bem, apesar de toda a inclinação e da antiguidade dos elevadores, o sistema usado é completamente hidráulico!

É usado um sistema de canalização que serve para abastecer um dos elevadores no topo da encosta. Depois desse elevador estar abastecido de água e encontrando-se como tal mais pesado, dá-se início à descida. À medida que desce, o movimento de descida faz com que o outro elevador suba ao mesmo tempo, ao passo que a água do elevador que desce vai sendo libertada com dois propósitos: usar a água para arrefecimento de travões e diminuir o seu peso para preparar a próxima subida. Até pode parecer uma coisa relativamente simples e óbvia, mas ter a ideia e colocá-la de facto em prática não deve ter sido propriamente simples!

Escadaria do Bom Jesus: vá, agora toca a subir...

Depois de subir de carro até ao Bom Jesus e descer no elevador, fizemos questão de subir a pé a imensa quantidade de escadas até lá cima. Visto de cá de baixo, aquela quantidade toda de escadas sem dúvida que causa algum desânimo, mas nada que assuste três jovens de boa saúde... Mesmo com as dores no joelho direito, causadoras do apelido momentâneo Mantorras, que tinham sido mais intensas no dia anterior e que ainda estavam a dar alguns sinais, as escadas sobem-se bastante bem até e julgo que teria sido pior para o joelho desce-las.

Além disso, uma boa parte do trajecto é feita à sombra, devido à quantidade de vegetação e árvores que circundam as escadas, o que acaba por atenuar um pouco o cansaço físico, mesmo em dias de calor intenso como aquele. A única coisa que é pena é o facto de nenhuma das inúmeras fontes de água que surgem ao longo do caminho terem água potável... Acho que já se fazia um investimento para alterar esta situação ou para, pelo menos, colocar dois ou três bebedouros pelo caminho...

Uma vez subidas as muitas escadas, ainda houve direito a um pequeno passeio de barco a remos, meio de transporte esse para o qual eu não demonstrei grande aptidão... Além disso, com o calor que estava, também não apetecia tanto andar para ali a remar que nem um doido... Portanto, a minha preguicite aguda venceu e acabei por dirigir o barco rapidamente para a zona do lado onde havia sombra!

Estava a chegar a hora de almoço, a fome já apertava e, dado que nos planos ainda estava prevista uma visita rápida a Guimarães, regressámos ao carro e nem foi preciso procurar muito para encontrar um McDonalds... Seria a primeira refeição pouco saudável da semana, depois de saladas, grelhados e coisas do género!

Segunda rota: Braga - Guimarães

Castelo de Guimarães

Após percorrer a curta distância que separa Braga de Guimarães, o objectivo principal era procurar a zona histórica, com o castelo, o Paço dos Duques e a famosa estátua do antigo rei. Devo dizer que, contrariamente ao que aconteceu em Braga, não foi muito díficil dar com o castelo. Foi apenas uma questão de começar a ignorar as direcções dadas pelo GPS e seguir todas as sinalizações.

Devo dizer que fiquei um pouco desiludido com este castelo... Apesar de Guimarães ter sido o berço do país, de ter sido a partir daqui que começou a expansão de Portugal e toda a história do nosso país, devo dizer que tudo isso mereceria um castelo mais grandioso. Apesar de estar impecavelmente bem tratado, de o aspecto por fora ser bonito e tudo mais, não deixa de ser um castelo relativamente pequeno e com muito poucas coisas lá dentro além de uma torre principal e algumas torres secundárias... As pessoas de Guimarães que me desculpem por favor!

Como é óbvio, uma pessoa acaba sempre por pensar como terá tudo acontecido à já quase um milénio atrás, nos planos que foram engendrados a partir desta cidade, nas lutas e guerras familiares que segundo a História aconteceram, em como um pequeno Condado se expandiu a partir daqui, se tornou no primeiro país da Europa com fronteiras definidas e finalmente se lançou à conquista dos oceanos e chegou a dominar meio mundo...

É um recuo no tempo engraçado, que sem dúvida acaba por se sentir um pouco face à imponência de qualquer castelo... Imaginar estes edíficios a ser construídos à tanto tempo atrás usando apenas a força humana e, embora tenham sofrido algumas obras de restauro, se conseguem manter ao longo de séculos é algo que dá que pensar...

Depois de percorridas as muralhas do castelo, restava-nos apenas entrar na torre principal e subir por umas escadinhas estreitas e bastante íngremes até ao telhado, de forma a observar a vista da cidade, tirar mais algumas fotos e descer novamente.

Além do castelo, ainda fomos à pequena capela que fica ao lado, local onde foram sepultadas alguns pessoas importantes religiosas e militares. No entanto, o principal atractivo da capela acaba por ser o facto de ter sido nela que foi baptizado D. Afonso Henriques, tal como ilustra a pia baptismal presente no seu interior.

Ainda se pensou em visitar também o Paço dos Duques de Bragança, que fica também pertíssimo do castelo, mas devido às obras de restauro que estão a acontecer no edíficio e ao facto de o acesso a uma boa parte do Paço estar vedada devido às obras, a decisão passou por tirar algumas fotos e deixar a visita para outro dia... É sempre mais um motivo para regressar ao Minho.

Já que se estava a visitar a zona histórica de Guimarães, não poderia faltar a típica fotografia da praxe junto à estátua do primeiro rei de Portugal. Um a um, lá fomos posar ao lado da estátua enquanto outro tirava a fotografia.

D. Afonso Henriques, O Conquistador

Terceira rota: Guimarães - Braga - Porto - Viseu - Guarda - Covilhã

Pouco passava das três da tarde quando finalmente decidimos ir embora para a Covilhã, já que ainda havia uns quilómetros valentes pela frente e o João tinha de ir trabalhar à uma da manhã para a padaria... Foi uma viagem relativamente tranquila, sempre em boa disposição e com uma paragem pelo meio para esticar as pernas. Cerca de três horas depois lá estavamos nós deliciados a comer um gelado e a dar por encerradas as férias começadas na segunda-feira.

Dia da Graduação

O dia da graduação esteve na principal razão para eu ter regressado de Angola uns dias mais cedo que o suposto... Um dos meus colegas, também oriundo daquela grande faculdade chamada FEUP, perguntou-me se não tinha recebido nenhum convite pelo correio em casa, ao que eu fiquei surpreendido e também na dúvida.

Obviamente, a minha morada oficial continua a não ser em Lisboa e, como tal, não consulto a minha correspondência com a frequência com ela deveria ser consultada, aliando isto ao facto de os meus pais estarem em França e portanto não haver ninguém em casa... Além disso, também não costumo receber propriamente demasiada correspondência em casa à excepção de uma ou outra coisa mais normal, portanto não me preocupo propriamente muito...
Estava já em Angola quando resolvi tirar a prova dos nove e ligar à vizinha que normalmente me guarda o correio, só mesmo para confirmar se de facto tinha recebido alguma coisa do género... Lá estava a dita cuja, uma carta da faculdade com o texto "Comemoração de Novos Mestres"... Depois de pedir para abrir e para ler, começo a pensar e, azar dos azares, o dia da graduação era precisamente no mesmo dia em que eu deveria regressar a Lisboa, pelo que não dava para ir...

Analisando melhor o tema, achei que seria giro e importante ir à comemoração, pelo que tratei de falar com o boss e antecipar a viagem em um dia, para sexta-feira, para poder ir. Um dia a mais, um dia a menos, pouca diferença faria e pelo menos assim conseguiria ir! Assim que falei do convite aos meus pais e depois de alguns esclarecimentos sobre o que era em concreto o evento, eles fizeram questão de ir também, o que obviamente acabou por definir ainda mais a situação quanto à minha presença.
Foi uma manhã bem passada, onde apesar de ter sido forçado a acordar cedíssimo para conseguir estar no Porto às 9h30, valeu a pena ir. Foi uma forma de estar com alguns amigos que já não via à imenso tempo, de rever alguns professores, de voltar a entrar na faculdade que me acolheu durante cinco bons anos...

Enfim, com excepção de alguns discursos, tais como o do presidente do Laboratório Nacional de Engenharia Civil, que conseguiu colocar quase toda a audiência em desespero na primeira fase do seu discurso e depois a dormir na recta final, até foram proferidas alguns temas e ideias interessantes. Agora virem-me falar de características e propriedades específicas do betão num auditório nada interessado em ouvir isso, poupem-me por favor!!! Por alguma coisa eu não fui para Engenharia Civil, não é? Tenho plena convicção que nem os recém-licenciados em Civil conseguiram resistir aquele discurso chato! Fica a sugestão para o ano: não coloquem ninguém a discursar sobre temas tão pouco abrangentes! Era a mesma coisa que ir para lá o Bill Gates falar só de bits e bytes...
Foi já à quase seis anos que dei um valente pontapé na vida e, do nada, resolvi ir estudar para o Porto. Um dia ainda escrevo aqui a história que me levou a abandonar a ideia da Universidade de Aveiro e optar pela Universidade do Porto... É óbvio que não sei como as coisas teriam acontecido, mas uma coisa é mais que certa: continuo a achar que foi uma das melhores escolhas e decisões da minha vida!

A foto seguinte acaba por ser algo simbólica. O seu simbolismo está relacionado com o facto de ter sido nestas escadas que tudo começou... Lembro-me perfeitamente do primeiro dia em que pisei estas escadas pela primeira vez, da sensação estranha que foi saber que iria pisar aquelas escadas vezes sem conta durante os cinco anos seguintes, da reacção de acolhimento espectacular que tive, enfim tudo e mais alguma coisa... É claro que tive alguns maus momentos mas, analisando bem tudo, quase só me lembro dos bons momentos.

Foi com alegria que pisei novamente estas escadas. Tenho imensa pena de não ter comigo a primeira foto que tenho neste local, aquela que a minha mãe se lembrou de tirar no dia em que fui fazer a matrícula... Seria engraçado colocar as duas fotos aqui lado a lado, mas como não a tenho neste momento, resta apenas a que se segue, com algumas diferenças em relação à primeira: quase seis anos mais velho, sem popa no cabelo, vestido com umas calças de ganga e uma t-shirt normalíssimas em vez de traje, com muito menos histórias, recordações e sabedoria para contar...

Férias no Gerês

Aproveitando uma semana com dois feriados e gastando apenas três dias de férias, a segunda semana de Junho era sem dúvida muito apetecível para se ter umas mini-férias. Combinadas à já algum tempo com o primo Jorge e com o João, as férias estavam marcadas para o Minho, mais precisamente para a zona do Gerês.

6h30 - A23, sentido Covilhã - Guarda

Já com o Auris carregado desde a véspera com tendas, sacos-cama, sacos de roupa, cobertores, colchões, uma mesa, comida e bebida e mais uma série de coisas indispensáveis a quem vai acampar, fizemo-nos à estrada de manhã cedo. Com a saída do Dominguizo prevista por volta das 6h da manhã, saímos já com praticamente meia hora de atraso... A probabilidade de não conseguir ser pontual de manhã é grande, especialmente estando de férias, portanto tive alguma culpa no atraso... Além disso, como os meus pais abalavam para França nesse dia e ainda tinham de ir para o aeroporto de Lisboa, as despedidas já habituais com algumas lágrimas de parte a parte causaram ainda mais atraso... Estava já eu a chegar a todo o gás a casa do meu primo, quando os vejo a andar a pé para irem ter comigo... Vá lá que o meu primo percebeu que eu estava atrasado e tratou de minimizar o atraso indo buscar o João à aldeia vizinha.

Campo do Gerês

A viagem decorreu toda ela com bastante normalidade, com uma paragem já depois do Porto para beber café, ir à casa de banho e esticar um bocado as pernas... O pior mesmo foi a chuva que, depois das várias ameaças e tentativas durante a viagem até ao momento, teimou em aparecer de vez e tornar o dia num autêntico dia de Inverno... Ainda por cima, começou a chover a sério na pior parte da viagem, logo a seguir a Braga, numa estrada nacional que ninguém conhecia e cheia de curvas e contra-curvas com é típico das estradas montanhosas... Estava a começar mal o primeiro dia!

Uma vez chegados à pacata aldeia do Campo do Gerês, foi relativamente fácil descobrir o parque de campismo. Chovia bastante e a ideia de descarregar o carro, montar tendas e acampar durante uma semana inteira com um temporal daqueles não era de todo uma situação agradável... Sabíamos que o parque de campismo tinha também vários bungalows e camaratas para alugar, pelo que tratámos de saber se havia possibilidades de alugar um desses espaços enquanto o tempo continuásse mau...

Bungalows só havia um disponível, um T2, e o aluguer por noite ficava bastante caro. A senhora da recepção lá nos acompanhou para vermos as camaratas e o que vimos deixou-nos convencidos, já que a camarata até era bastante agradável e espaçosa, com quatro beliches e ainda por cima até ao momento íamos ficar apenas os três a ocupá-la. Seria praticamente a mesma coisa que ficar num bungalow, pagando menos e tendo a consciência de que poderia chegar mais alguém entretanto.

Três malucos: João, eu e Jorge

Uma vez instalados e face às más condições climatéricas, optamos por uma pequena volta pela aldeia do Campo do Gerês para começar. Uma aldeia praticamente deserta, onde as muito poucas pessoas que se viam pelas ruas eram pessoas já idosas, que viviam a sua reforma numa pacatez tremenda.

Lá encontrámos um café para tomar o segundo pequeno-almoço do dia e jogar uma breve matraquilhada antes de continuar à descoberta da aldeia. É curioso que esta foi a única vez em que vimos o café aberto... Não sei qual seria a hora de fecho mas, de todas as restantes vezes em que tentámos ir lá, sempre ao final da tarde ou início de noite, nunca mais o encontrámos aberto... Pudera, se eu fosse dono do café faria certamente o mesmo... Num sítio em que nada se passava à noite, provavelmente nem seria rentável manter aquilo aberto e mais valia ir para casa dormir...

Cascata de Leonte

Depois desse café e na continuação da actividade de descobrir a aldeia, em que muitas das ruas são de trânsito proibido e condicionado a residentes, acabámos por nos refugiar da chuva e entrar noutro tasco... Por sugestão da dona do café, bebemos uma jeropiga e acabámos por trocar uns dedos de conversa, na qual ficámos a saber que há imensa gente na zona que aluga casas a turistas. É um caso a considerar no futuro e até pode ser uma boa possibilidade de férias, especialmente se for com um grupo de pessoas maior.

Entretanto começou a chegar a hora de almoço, pelo que seria necessário ir às compras... Lá fomos nós em direcção a Terras de Bouro, uma pequena vila sede de concelho, comprar o necessário para o almoço que seria à base de carne grelhada. Os locais existentes no parque de campismo apropriados para fazer grelhados felizmente tinham um pequeno telheiro, pelo que a chuva era coisa que incomodava pouco na altura de comer... E a fome já era tanta na altura face ao adiantar da hora, que foi comer logo ali e pronto! Ainda soube melhor!

Apesar do mau tempo, não estávamos ali para ficar parados no parque de campismo, portanto rapidamente tratámos de partir de carro à descoberta das aldeias vizinhas, parando imensas vezes ao longo do caminho para admirar e tirar fotografias às magníficas paisagens naturais da zona. Chega a ser impressionante a imensa quantidade de vegetação existente, tudo sempre muito verde, com água abundante em rios, ribeiros e pequenas quedas de água... Onde quer que uma pessoa fosse, estas características estavam sempre presentes!

É verdade que o clima habitualmente mais húmido do Douro Litoral e Minho relativamente ao resto do país proporcionam características naturais como estas e não é à toa que o Minho é muito conhecido pela sua imensa verdura, mas nunca pensei que existissem tantos sítios onde mesmo em pleno dia não se conseguisse ver o sol. Mesmo nos locais que já foram mais manipulados pelas pessoas, por exemplo, chega a haver alturas de grande penumbra mesmo! Parece que se está a entrar num túnel natural, onde a luz do dia é completamente filtrada pela vegetação circundante!

Mata Nacional - Parque Nacional da Peneda - Gerês

Um dos locais por onde gostei mais de passar foi numa zona de acesso condicionado do Parque Nacional. Depois de uma pequena voltinha a pé pela vila do Gerês, decidimos continuar de carro pela estrada estreita que subia com uma inclinação já considerável em direcção a Espanha...

Fiquei admirado quando cheguei a uma zona que começou a ter placas a indicar acesso condicionado alguns quilómetros à frente e achei aquilo um bocado exagero, que seria apenas algo informativo de uma zona um bocado mais restrita do Parque Nacional e eventualmente mais patrulhada que as restantes áreas... Qual não foi o meu espanto, quando cheguei ao cimo do monte e me aparece uma senhora bem agasalhada do frio com um sinal de stop na mão! Aquilo que eu julguei inicialmente como sendo treta era de facto para levar em conta, já que se tratava de um pequeno posto equivalente a uma portagem. Íamos atravessar uma zona do Parque Nacional de acesso condicionado, sujeito ao pagamento de uma taxa, e com regras de circulação próprias, tais como não poder circular a mais de 40 km/h, não poder parar nem estacionar...

Como é óbvio, as regras existem para se cumprir mas nem tudo pode ser levado à letra... Então com paisagens brutais e não se podia parar para tirar uma fotografia sequer? Nem pensar nisso! Fomos parando várias vezes ao longo do percurso até que, quase na saída da zona de acesso condicionado, nos aparece um jipe da Guarda Florestal, que fez questão de nos relembrar que não podíamos parar naquele sítio e de nos perguntar se íamos demorar muito.

Pode parecer excessivo, mas em certa parte acabo por concordar totalmente com um controlo apertado. É abrindo excepções a algumas pessoas julgando que elas têm a melhor das intenções que depois surgem coisas terríveis para a natureza como os incêndios florestais e afins... E seria de facto uma pena que isso acontecesse numa zona tão bonita e única em Portugal, portanto acho muito bem que tal controlo aconteça.

Barragem de Vilarinho da Furna

Quando acordámos na quinta-feira de manhã, o contraste com os dias anteriores era enorme. Tal como estava previsto pelos senhores da metereologia, o bom tempo característico da altura que antecede o Verão estava de regresso: um dia de sol lindo, quente e felizmente sem o menor vestígio das chuvadas dos últimos dias ou algo que apontásse para mau tempo novamente...

Foi apenas o tempo de se arrumar tudo na camarata, tomar o pequeno-almoço, passar pela recepção a avisar que tinha sido a última noite na camarata e que iríamos montar tenda nesse dia e estávamos prontos para uma bela caminhada. Ah, falta o pormenor importante de ir também às compras para levar comida para o almoço, até porque caminhar pela natureza acaba por abrir ainda mais o apetite!

Saindo do parque de campismo de mochila às costas, o objectivo era explorar um pouco os vários percursos pedestres que vimos assinalados no mapa e bem indicados mesmo para quem anda a pé. Sempre com a barragem de Vilarinho da Furna em pano de fundo, dirigimo-nos ao local de acesso a uma antiga Via Romana e embrenhámo-nos nos trilhos outrora muito percorridos e que hoje em dia apenas servem para belos passeios.

No entanto, em alguns locais, são ainda muito visíveis os traços da passagem romana na zona, desde pedras com inscrições em latim, pequenas pontes, zonas de calçada cobertas de vegetação rasteira e muito musgo... Para não fugir à regra, quase todo este percurso é feito sempre com muita vegetação, água e sombra em redor, claro!

Via Romana

Uma coisa que achei estranha nestes cinco dias de férias foi o facto de ver várias vezes animais "abandonados", principalmente cavalos e vacas... Como é evidente, estes animais têm dono e não andam propriamente perdidos nem abandonados, mas gozam de uma liberdade fora do normal, já que são deixaos por ali à solta a alimentarem-se da imensa vegetação existente.

É um conceito um bocado estranho e que causa alguma confusão nos dias que correm, já que qualquer coisa deixada sem qualquer vigia corre o risco de ser roubada... É claro que não é propriamente fácil roubar um cavalo ou uma vaca, mas são coisas que podem perfeitamente acontecer... Dá a sensação de que ali se ficou parado no tempo, onde tudo continua muito pacato e esquecendo um bocado todos esses problemas, como se eles não existissem.

Depois de uma caminhada de alguns quilómetros chegámos finalmente ao nosso destino principal do dia: a antiga aldeia de Vilarinho da Furna. Esta aldeia, cujo nome está na origem do nome da barragem, foi completamente submersa na altura de construção da albufeira da barragem, desalojando os seus habitantes.

Ao chegarmos ao local onde outrora foi a aldeia, deparámo-nos com um conjunto de pessoas que ali ia praticar mergulho para observar melhor as ruínas da aldeia. Infelizmente, dado que a albufeira estava bastante cheia, não foi possível ver muitas coisas da antiga aldeia, com excepção das pedras que constituiam alguns muros e paredes de casas mais à superfície. No entanto, foi um óptimo passeio e acabou por ser naquela zona que, à sombra das árvores, decidimos almoçar e comer as sandes trazidas na mochila para diminuir o peso que ainda andava às costas.

Aldeia submersa de Vilarinho da Furna

Ruínas da aldeia de Vilarinho da Furna

Digamos que, no momento em que chegámos ao parque de campismo novamente, eu já tinha ganho a alcunha temporária de Mantorras... Tenho de ir brevemente ao médico ver o que se passa com isto, já que desde aquela primeira ida a Sangano em Novembro, nunca mais fiquei a cem por cento... A coisa foi passando e as dores foram diminuindo, pelo que nunca mais me preocupei, mas o que é certo é que basta algum exercício mais intenso e que obrigue a fazer mais esforço e as dores regressam....

No entanto, o dia ainda não tinha terminado: uma vez que já tínhamos decidido abandonar a camarata e aproveitando o regresso do bom tempo, decidimos montar as tendas nem que fosse por apenas uma noite... Como tal, e após um breve descanso, lá tivémos nós que andar a montar as duas tendas... O que vale é que a prática já começa a ser alguma e o tempo que se demora a montar a tenda é cada vez menor... Passado pouco tempo lá estavam as nossas duas "habitações" daquela noite prontas.

Dado que afinal de contas ainda só íamos a meio da tarde, ainda tínhamos tempo para mais uma caminhada de despedida da zona... Optámos por parte do mesmo percurso seguido de manhã, mas depois seguimos na direcção oposta da Via Romana que tínhamos escolhido de manhã. Foi uma caminhada igualmente porreira, debaixo de bastante calor e claramente numa óptima de explorar um bocadinho mais a zona. Acho que se eventualmente estivesse estado o tempo sempre bom, teríamos palmilhado todos os percursos indicados no mapa e inventado mais alguns.

Já no último dia, fomos ainda tirar algumas fotos da praxe antes de abalar e que tinham ficado adiadas à espera de bom tempo! Nem todas as fotos estão aqui (acho que este post até já tem fotos a mais...), mas achei engraçado deixar aqui aquela em que o João e o Jorge saltam da ponte romana e também aquela que acaba por marcar a nossa passagem pelo Parque Nacional da Peneda - Gerês.

Ponte romana

Conforme se pode ver, a foto seguinte foi tirada com o temporizador da máquina fotográfica, coisa que me obrigou a correr e recordar os problemas no joelho da véspera. É a foto que marca a despedida do Gerês mas não a despedida das férias, já que era ainda bastante cedo e estava prevista uma visita relâmpago às cidades de Braga e Guimarães antes de se regressar à Covilhã e dar as férias por terminadas. No entanto, o relato da visita a estas duas cidades fica reservado para um novo post, mais que não seja porque este é um sério candidato a ser o maior post de todo o blog... Pelo menos no que diz respeito ao número de fotos por post, sem dúvida que já é um vencedor!

Produção... e agora???

Tal como já tudo aparentemente apontava no final do dia de sábado, as próximas etapas até finalmente se concluírem todas as tarefas relacionadas com a entrada em produção, em princípio iriam decorrer com tranquilidade, ao ponto de não se tornar expectável que algo fosse correr mal no domingo...

Felizmente, exceptuando alguns pequenos percalços de importância pouco significativa e que foram resolvidos praticamente no momento em que surgiram, o domingo foi um sucesso, entrada em produção também e toca de se combinar uma mega jantarada para festejar! Escolhido o restaurante, lá foi a malta para um jantar bem animado, ao qual se seguiu mega festa no Chill Out!
Muito embora a vontade fosse ficar a dormir no dia seguinte, estava combinado um encontro no embarcadouro do Mussulo às 10h da manhã, pelo que foi uma segunda-feira a acordar cedinho, com a grande diferença de ser feriado no dia da criança e de o destino ser a praia! Com ligeiros atrasos, que como é óbvio acontecem sempre, lá foi a malta toda dividida em dois barcos para o Mussulo, à espera de um dia de descanso bem merecido.
Que dia extraordinariamente bem passado! Chegados ao Mussulo, começou com banhos alternados de sol e na água quentinha do mar... Algum tempo depois, já estava tudo a comer e beber... Entre idas ao banho, petiscos e apanhar sol, depressa se chegou o almoço... O almoço foi animado já que, além de sermos bastantes, reinava a boa disposição derivada de um dia de descanso, calor, algumas caipirinhas à mistura e ainda com aquele ar de felicidade pela entrada em produção bem sucedida.

Almoço mais animado, só mesmo se a malta não tivesse saído à noite até às tantas, o que naturalmente implicou que toda a gente estivesse mais cansada... Obviamente, depois de ter a barriguinha cheia, o cansaço começou a dar sinais de vida e as toalhas ao sol começaram a tornar-se um alvo apetecível... A pouco e pouco, toda a gente foi dispersando e, passado pouco tempo, a zona da praia onde tínhamos as toalhas quase parecia um campo de desalojados, cada qual a dormir para seu lado em cima da toalha...
Como é óbvio, depois de uma noite em que se foi jantar fora para comemorar a entrada em produção, numa noite em que depois do jantar se foi dançar até altas horas da madrugada, numa noite em que depois de muito dançar ainda houve direito a um convívio agradável na piscina do Palm Beach por volta das 5h da manhã e em que a cama só apareceu finalmente por volta das 6h30, é óbvio que o cansaço acabaria por vir ao de cima...

Naturalmente, depois de se ter acordado cedo para ir para o Mussulo, ter gasto umas energias a dançar e estando de barriga cheia depois de almoço, nada melhor que uma sesta para recuperar energias! Numa tarde de muito calor, de relaxo absoluto, soube extremamente bem adormecer num ambiente bastante quente, com a sorte de pouco tempo depois ter ficado à sombra de uma pequena palmeira que certamente me salvou de escaldão garantido! Cá fica a foto que o comprova, muito embora eu nem sequer me tenha apercebido do momento em que foi tirada...
Uma vez acordado desta sesta fantástica, ainda deu para uma pequena voltinha a pé até à contra-costa. Apesar de não ser a primeira ida ao Mussulo, nunca tinha ido lá... Depois de uma caminhada não muito longa a atravessar aquela língua de areia, eis que chegamos finalmente a uma praia deserta e com um areal mais sujo, com uma ondulação bem mais agitada por ser já Oceano Atlântico, água um bocado mais fria... Caso o areal não tivesse sujo e caso existissem um pouco mais de condições na zona, seria também uma óptima praia para se estar, a relembrar a praia quase deserta e de mar agitado em Sangano!

Once in a lifetime!

O título deste post foi escolhido a dedo e com bastante critério, não só porque o momento se refere a um marco muito importante, mas também porque decidi adoptar este título com base num email que alguém importante na foto abaixo enviou.

Após dias, semanas, meses de trabalho árduo, conseguimos finalmente entrar com o novo sistema em funcionamento, tendo não só tudo corrido bastante bem como também a uma velocidade cruzeiro bastante acima do expectável. Se à partida tudo estava previsto para durar dois dias, tendo ainda uma margem de um dia caso tal fosse necessário, foi com agradável surpresa que, logo após o final do primeiro dia, se verificou que tudo estava muito bem encaminhado e com um avanço em relação ao previsto absolutamente inacreditável...

No final do dia de sábado, muito embora ainda faltasse o domingo e a segunda-feira como precaução, respirava-se alívio, felicidade e sensação de dever quase cumprido por os piores receios terem já sido ultrapassados... Faltavam apenas os últimos pormenores de domingo, concluir as tarefas ainda pendentes de acordo com todos os procedimentos identificados para a entrada em produção e pouco tempo mais faltava até ao momento em que a primeira apólice seria finalmente emitida!

Apesar de com bastantes dias de atraso desde o dia em que este post merecia ter sido escrito(31 de Maio), não poderia de forma alguma deixar de o recordar como sendo, até ao momento, o dia mais importante da minha ainda muito curta carreira profissional e também como sendo o dia que mais me senti orgulhoso por ver o esforço global de toda uma equipa fantástica da qual tive / tenho o prazer de pertencer, dar finalmente frutos e provas de excelente trabalho desenvolvido depois de muita luta e esforço.

A todos, incluindo não só aqueles que estão na foto, mas também todos aqueles que, fosse por estarem em Portugal, fosse por não terem ido trabalhar naquele dia, fosse por estarem de sobreaviso para que tudo corresse conforme esperado, fosse por já terem saído do projecto, enfim por qualquer razão que não lhes permitiu estarem presentes na foto mas que sem dúvida deram o seu contributo, os meus parabéns bastante merecidos!