domingo, 14 de junho de 2009

Minho road trip

Depois de uma estadia de quatro dias no Campo do Gerês, eis que infelizmente tinha chegado o último dia de férias... Tal como planeado na véspera ao jantar, o último dia teria de começar cedo para ser bem aproveitado...

Acordar às 8h da manhã, tomar o pequeno-almoço, desmontar tendas, acomodar a tralha toda novamente no carro e pagar as contas em dívida na recepção do parque de campismo... Mas o dia ainda seria longo! Com o GPS ligado, o destino ainda estaria longe de ser a Covilhã novamente... Ia-se fazer um pequeno passeio pelo Minho que, depois da pacatez das zonas por onde tínhamos andado nos últimos dias, deveria abranger duas das cidades minhotas mais importantes.

Primeira rota: Campo do Gerês - Terras de Bouro - Braga

Vista da cidade de Braga, a partir do Bom Jesus

Chegados a Braga pouco antes das 11h, a ideia era mesmo visitar o Bom Jesus. À boa moda portuguesa, as poucas indicações que existem para o local, que possivelmente é dos mais visitados por quem vai à cidade, deixam pura e simplesmente de existir... Com o GPS programado para o centro da cidade e não conhecendo muito bem o trajecto a percorrer, vá de seguir as indicações do GPS e dos sinais para o centro, sempre com a consciência plena de estar a seguir um caminho errado e na expectativa de voltar a encontrar um ponto de referência que nos pudesse orientar...

Bom Jesus de Braga

Os elevadores que permitem subir a encosta do Bom Jesus tem uma particularidade engraçada. Além de bastante antigos já, o seu autor era um autêntico MacGyver da época, um engenhocas visionário de um tema que hoje em dia anda cada vez mais na baila: as energias alternativas!

Tal como a foto seguinte demonstra e tal como muita gente já ouviu falar da grande escadaria do Bom Jesus, a encosta tem uma inclinação bastante acentuada. Esta inclinação assume ainda mais relevo se tiver em conta um sistema de dois elevaores que fazem toda a ligação em linha recta! Pois bem, apesar de toda a inclinação e da antiguidade dos elevadores, o sistema usado é completamente hidráulico!

É usado um sistema de canalização que serve para abastecer um dos elevadores no topo da encosta. Depois desse elevador estar abastecido de água e encontrando-se como tal mais pesado, dá-se início à descida. À medida que desce, o movimento de descida faz com que o outro elevador suba ao mesmo tempo, ao passo que a água do elevador que desce vai sendo libertada com dois propósitos: usar a água para arrefecimento de travões e diminuir o seu peso para preparar a próxima subida. Até pode parecer uma coisa relativamente simples e óbvia, mas ter a ideia e colocá-la de facto em prática não deve ter sido propriamente simples!

Escadaria do Bom Jesus: vá, agora toca a subir...

Depois de subir de carro até ao Bom Jesus e descer no elevador, fizemos questão de subir a pé a imensa quantidade de escadas até lá cima. Visto de cá de baixo, aquela quantidade toda de escadas sem dúvida que causa algum desânimo, mas nada que assuste três jovens de boa saúde... Mesmo com as dores no joelho direito, causadoras do apelido momentâneo Mantorras, que tinham sido mais intensas no dia anterior e que ainda estavam a dar alguns sinais, as escadas sobem-se bastante bem até e julgo que teria sido pior para o joelho desce-las.

Além disso, uma boa parte do trajecto é feita à sombra, devido à quantidade de vegetação e árvores que circundam as escadas, o que acaba por atenuar um pouco o cansaço físico, mesmo em dias de calor intenso como aquele. A única coisa que é pena é o facto de nenhuma das inúmeras fontes de água que surgem ao longo do caminho terem água potável... Acho que já se fazia um investimento para alterar esta situação ou para, pelo menos, colocar dois ou três bebedouros pelo caminho...

Uma vez subidas as muitas escadas, ainda houve direito a um pequeno passeio de barco a remos, meio de transporte esse para o qual eu não demonstrei grande aptidão... Além disso, com o calor que estava, também não apetecia tanto andar para ali a remar que nem um doido... Portanto, a minha preguicite aguda venceu e acabei por dirigir o barco rapidamente para a zona do lado onde havia sombra!

Estava a chegar a hora de almoço, a fome já apertava e, dado que nos planos ainda estava prevista uma visita rápida a Guimarães, regressámos ao carro e nem foi preciso procurar muito para encontrar um McDonalds... Seria a primeira refeição pouco saudável da semana, depois de saladas, grelhados e coisas do género!

Segunda rota: Braga - Guimarães

Castelo de Guimarães

Após percorrer a curta distância que separa Braga de Guimarães, o objectivo principal era procurar a zona histórica, com o castelo, o Paço dos Duques e a famosa estátua do antigo rei. Devo dizer que, contrariamente ao que aconteceu em Braga, não foi muito díficil dar com o castelo. Foi apenas uma questão de começar a ignorar as direcções dadas pelo GPS e seguir todas as sinalizações.

Devo dizer que fiquei um pouco desiludido com este castelo... Apesar de Guimarães ter sido o berço do país, de ter sido a partir daqui que começou a expansão de Portugal e toda a história do nosso país, devo dizer que tudo isso mereceria um castelo mais grandioso. Apesar de estar impecavelmente bem tratado, de o aspecto por fora ser bonito e tudo mais, não deixa de ser um castelo relativamente pequeno e com muito poucas coisas lá dentro além de uma torre principal e algumas torres secundárias... As pessoas de Guimarães que me desculpem por favor!

Como é óbvio, uma pessoa acaba sempre por pensar como terá tudo acontecido à já quase um milénio atrás, nos planos que foram engendrados a partir desta cidade, nas lutas e guerras familiares que segundo a História aconteceram, em como um pequeno Condado se expandiu a partir daqui, se tornou no primeiro país da Europa com fronteiras definidas e finalmente se lançou à conquista dos oceanos e chegou a dominar meio mundo...

É um recuo no tempo engraçado, que sem dúvida acaba por se sentir um pouco face à imponência de qualquer castelo... Imaginar estes edíficios a ser construídos à tanto tempo atrás usando apenas a força humana e, embora tenham sofrido algumas obras de restauro, se conseguem manter ao longo de séculos é algo que dá que pensar...

Depois de percorridas as muralhas do castelo, restava-nos apenas entrar na torre principal e subir por umas escadinhas estreitas e bastante íngremes até ao telhado, de forma a observar a vista da cidade, tirar mais algumas fotos e descer novamente.

Além do castelo, ainda fomos à pequena capela que fica ao lado, local onde foram sepultadas alguns pessoas importantes religiosas e militares. No entanto, o principal atractivo da capela acaba por ser o facto de ter sido nela que foi baptizado D. Afonso Henriques, tal como ilustra a pia baptismal presente no seu interior.

Ainda se pensou em visitar também o Paço dos Duques de Bragança, que fica também pertíssimo do castelo, mas devido às obras de restauro que estão a acontecer no edíficio e ao facto de o acesso a uma boa parte do Paço estar vedada devido às obras, a decisão passou por tirar algumas fotos e deixar a visita para outro dia... É sempre mais um motivo para regressar ao Minho.

Já que se estava a visitar a zona histórica de Guimarães, não poderia faltar a típica fotografia da praxe junto à estátua do primeiro rei de Portugal. Um a um, lá fomos posar ao lado da estátua enquanto outro tirava a fotografia.

D. Afonso Henriques, O Conquistador

Terceira rota: Guimarães - Braga - Porto - Viseu - Guarda - Covilhã

Pouco passava das três da tarde quando finalmente decidimos ir embora para a Covilhã, já que ainda havia uns quilómetros valentes pela frente e o João tinha de ir trabalhar à uma da manhã para a padaria... Foi uma viagem relativamente tranquila, sempre em boa disposição e com uma paragem pelo meio para esticar as pernas. Cerca de três horas depois lá estavamos nós deliciados a comer um gelado e a dar por encerradas as férias começadas na segunda-feira.

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