terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Mussulo

Nota: Este post é relativo ao último domingo passado em Angola, dia 14 de Dezembro...

Depois de sete dias seguidos de trabalho, os quais se arrastaram entre um domingo e o sábado seguinte, sempre com cerca de 14 / 15 horas de trabalho por dia, eis que surge finalmente um muito merecido dia de descanso.

Estava tão cansado ao final do dia de sábado, que depois de jantar me sentei com o pessoal lá de casa a ver o jogo da Taça entre o Benfica e o Leixões e não consegui ver uma grande parte do jogo... Adormeci logo no início da segunda parte, não vi o prolongamento e só acordei para ver os penaltis porque me acordaram para tal... Mais valia não o terem feito, já que o resultado não me agradou propriamente muito...

Mas voltando ao título do post, retomo então o tema Mussulo. Mussulo é uma enorme língua de areia situada no mar um pouco a sul de Luanda. É um local um pouco isolado, já que se trata de uma espécie de ilha e cujo acesso é feito por via marítima. Quando cheguei ao embarcadouro assustei-me um pouco, já que algumas pessoas quase se atiravam para o meio da estrada na tentativa de serem eles a levarem-nos a um proprietário de uma embarcação, por forma a receberem a respectiva comissão por angariação de clientela... Lá me explicaram que aquilo era relativamente normal e que não havia perigo nenhum, pelo que lá fomos então calmamente a pé em direcção ao embarcadouro para apanharmos o nosso meio de transporte.

Foi uma viagem bastante agradável, em contacto próximo com o mar, a sentir aquele cheiro marítimo tão caractertístico e com alguns salpicos de água a atingir-nos a cara e que tão bem sabiam para refrescar um pouco! Não sei bem ao certo quanto tempo durou a viagem, talvez uns 15 minutos numa pequena lancha a motor com capacidade para cerca de 12 pessoas, até que finalmente chegamos ao nosso destino...

Pagamos a viagem ao nosso candongueiro do mar e toca de caminhar em direcção à praia onde íamos passar o dia. Bem, se eu já tinha gostado das praias na Ilha de Luanda e em Sangano, o que dizer desta... Um autêntico paraíso: mar calmíssimo, quase sem ondulação e com uma corrente muito ligeira, um calor infernal e completamente abrasador mesmo aquela hora da manhã, água bastante quente, uns cadeirões de praia para uma pessoa se poder estender ao comprido... Para aquilo ser um paraíso completo, acho que só faltavam mesmo umas "deusas" para espalhar protector solar! Acho que me ia custar um bocadinho a habituar a uma vida destas... Era capaz de custar um bocadinho no início, mas ao final de um ou dois segundos acho que me conseguia habituar sem grandes problemas!...

Foi um dia de completo descanso, com muito tempo passado em banho-maria na água quentinha do mar, a apanhar banhos de sol e até mesmo a jogar um bocado de vólei de praia... Escusado será dizer que, em consequência deste dia, consegui ficar sem uma boa parte da pele nas costas e nos ombros pela terceira vez num espaço de quase seis semanas... Entendo perfeitamente o facto de os angolanos e muitos outros povos africanos terem a pele bastante escura... Assim de facto é complicado resistir!

Depois de almoço, nada melhor do que tratar de garantir o nosso jantar... A coisa começou por brincadeira, mas ganhou proporções bem grandes... Começámos a apanhar uma espécie de ameijoas na praia cujas dimensões eram praticamente da palma da mão... Quando demos por ela, a palhaçada tinha resultado em um saco cheio, que nós achámos por bem transportar connosco juntamente com água para as manter vivas...

Durante a viagem de regresso a casa, já depois de nova aventura de barco desde o Mussulo até ao embarcadouro, ainda parámos para comprar algumas recordações. Infelizmente, o mercado de Benfica estava fechado ao domingo (segundo o nosso motorista Mário) e não deu para comprar quase nada, já que a oferta existente além de ser em pouca quantidade, era consideravelmente cara...

Ao chegar a casa, depois de uma boa banhoca para tirar o resto das areias e sentir a pele arder um pouco depois dos escaldões valentes desse dia, a cozinha foi o ponto de encontro para preparar o nosso petisco... De molho em água durante algum tempo para limparem passaram para uma panela de água a fazer e depois para um belo de um refogado com azeite, cebola e alho... O Miguel ainda ligou para nos assustar, a dizer que a mãe era nutricionista e que ela dizia que em certas alturas do ano não é muito bom comer aquilo porque têm muitas toxinas, mas só conseguiu demover o Gonçalo, que depois de tanta vontade para comer aquilo e para cozinhar, se armou em menino... O que é certo é que todos os outros comeram e ninguém ficou doente por causa disso... Que belo petisco aquilo deu!

Tive pena de não ter levado a máquina fotográfica para o Mussulo, mas pelo menos aqui fica uma foto do nosso petisco do jantar desse dia... ou o que resta dele...
E como um petisco nunca vem só, lá surgiu outra ideia fantástica para nos desfazermos da quantidade assombrosa de maçãs que geralmente se encontram no frigorífico: maçãs assadas no forno, com um bocado de açúcar a temperar e regadas com cerveja... Foi ver as maçãs a desaparecer num ápice!

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