domingo, 14 de outubro de 2007

A primeira reunião sobre os projectos

Como prometido no último post, este post será relativo à primeira reunião na EMEF, Empresa de Manutenção de Equipamentos Ferroviários, com o objectivo de clarificar os dois projectos, nos quatro possíveis, que despertaram interesse na equipa de trabalho.

Sem sequer saber exactamente o local da empresa, lá fomos nós tentar descobrir a dita empresa. Sinceramente, mesmo sabendo que o Rui, o condutor, é péssimo em orientação (ele próprio admite que um GPS lhe dava imenso jeito), e com alguma ajuda do Google Maps, não foi propriamente difícil dar com a empresa. Mais que não seja, tínhamos a grande referência de saber que mais ou menos a zona em questão e que tinha obrigatoriamente que ficar perto de linhas de comboio... Ora os comboios não são assim tão pequenos quanto isso para que não se possa dar com eles facilmente!!

Chegados à entrada da empresa, meu Deus, tanta burocracia para nos deixarem entrar!!! Portões abertos, sem cancelas, apenas o berro do segurança de dentro do seu cubículo a fazer-nos parar o carro mesmo à entrada... Mas o que é que eles pensam? Que se nós fossemos com alguma intenção maldosa que íamos parar com um simples berro? É que mesmo que fosse uma cancela ia na frente se as nossas intenções fossem más... Sai o Joel do carro, diz que temos reunião marcada para as 18h, mas não sabe dizer o nome do engenheiro com o qual íamos ter a reunião... Sai também o Tiago, o responsável pela equipa, e volta para trás a pedir um bilhete de identidade... Regressa ao cubículo do segurança com o meu BI, recebe as indicações e finalmente arrancamos. Depressa nos apercebemos que as indicações tinham sido mal interpretadas, portanto voltámos para trás e fomos novamente ter com o segurança, recebemos novas instruções e finalmente chegámos ao local correcto!

Depois, quando alguém se lembra de marcar uma reunião para as 18h, verifica-se que a probabilidade de ainda estar alguém a trabalhar na recepção é reduzida. Como tal, entrámos nas instalações e ficámos algo perdidos, sem saber bem para que sítio nos devíamos dirigir, até que por fim, uma "alma caridosa" que passou por nós nos decidiu ajudar e nos indicou o local que pretendíamos.

Ao chegar perto do local onde teríamos a reunião com o engenheiro, depressa nos apercebemos que ele estava a dar valente descompostura via telefónica a alguém... Mesmo sem saber quem era o desgraçado e quais os motivos, notava-se perfeitamente que a descompostura era séria. Os ânimos lá acabaram por acalmar e deu-se então início à reunião. Apesar daquela primeira impressão do engenheiro, até se pode considerar que ele se trata de uma pessoa séria e sincera. Fiquei com essa boa impressão pelo menos.

Depois de uma breve apresentação, lá começou então a discussão dos dois projectos. O primeiro, aquele que mais me tinha aliciado ainda antes de obter qualquer informação extra, foi aquele que mais me atraiu. Trata-se fundamentalmente de prever os atrasos reais de comboios num determinado momento e verificar qual o impacto em termos de atraso que isso terá nas estações futuras. Pode parecer simples e pode pensar-se que se trata de uma simples propagação de valores através de cálculos matemáticos. Contudo, a parte mais interessante surge através da capacidade que o sistema deveria prever em aprender a calcular os atrasos de uma forma eficiente, de acordo com as várias possibilidades e motivos de atraso, num sentido de ficar cada vez mais inteligente e perfeito a calcular os atrasos, ou seja, minimizando as taxas de erros.

Com o outro projecto, que pouco me tinha atraído quando li os projectos existentes, passou-se precisamente o contrário... Se eu já não tinha gostado muito, passei a gostar ainda menos! Parece o típico trabalho da área de redes, que quem me conhece, sabe perfeitamente que é a área que eu mais detesto a nível de informática... O pior é que, à primeira vista, parece bastante simples a nível de esforço de implementação, pelo que todo o resto do grupo o preferiu e fiquei sozinho a remar contra a maré... Trata-se, basicamente, de um sistema com dois autómatos em cada comboio, que se ligam a um PC dedicado, permitindo assim a recolha remota de dados para o Centro de Controlo, através de uma ligação via GPRS/modem.

Numa tentativa vã de tentar perceber melhor o primeiro projecto, claramente relativo à área de inteligência artificial, percebi que o problema poderia talvez ser resolvido com o recurso a redes neuronais. Acho que é um tema espectacular, principalmente depois de ter feito um trabalho sobre reconhecimento de faces humanas usando este conceito, pelo que ficar com este projecto seria extremamente motivador para mim e poderia mesmo dizer que iria enriquecer o meu conhecimento pessoal com algo de bastante útil. Até cheguei a ir falar com aquela que foi minha professora a diversas disciplinas na FEUP, incluindo a disciplina de Inteligência Artificial, de modo a esclarecer algumas dúvidas que tinha e a tentar encontrar uma solução simples para resolver o problema. Cerca de meia hora a expor e a discutir o problema com a professora Ana Paula Rocha não foram suficientes para depois convencer o resto do grupo a render-se ao primeiro projecto... No entanto, aproveito para agradecer à professora a disponibilidade e simpatia que mostrou em me receber e aturar, num projecto que nem sequer tem nada a ver com a faculdade, apesar de ter sido através do director de curso que esta oportunidade surgiu.

O grupo negou-se e preferiu o projecto de redes por ser mais simples, simplicidade esta da qual eu desconfio muito, já que penso que isto é daquelas coisas que são "mais complicadas do que como as pintam". Depois veremos... Além disso, já que me infiltrei um bocado no grupo, seria mau estar assim a "abandonar o barco", já que fizeram o favor de me aceitar. Além disso, sei perfeitamente que na minha futura vida profissional nem sempre farei o que quero, portanto também é bom que me vá habituando a fazer o que não gosto de vez em quando. Apesar de eu não gostar muito da área, pode ser que consiga tirar do trabalho alguma coisa de proveitoso...

Do meu ponto de vista, trata-se de uma diferença abismal entre os projectos, não só a nível de motivação pessoal, mas também do próprio nível de reconhecimento, das exigências e até mesmo do ponto de vista mental e informático. Em suma, as diferenças são um projecto que é extremamente alto-nível em termos de implementação e que envolve um esforço mental considerável e um projecto que é precisamente o oposto, muito baixo-nível e cujo esforço se baseia no seguimento das regras de protocolos de comunicação... Para me abstrair um bocado da informática e para que o que acabei de dizer possa ser mais facilmente compreendido, faço a pergunta: preferias participar numa investigação científica genética que permitisse um novo avanço na luta contra um cancro ou preferias fazer uma simples colheita de sangue num laboratório de análises clínicas? Eu preferia a investigação científica...

Enfim, a próxima reunião com responsáveis da EMEF é na próxima quarta-feira, pelo que espero sair de lá um pouco mais motivado e com vontade de trabalhar.

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