domingo, 23 de novembro de 2008

Aventura em Sangano

A ordem natural teria sido escrever este post antes do anterior mas devido a todas as condicionantes que se verificaram acabei por não conseguir. Tudo começou a meio da semana passada quando o Teodoro decidiu por mãos à obra e organizar um fim de semana diferente, fora de Luanda. O local escolhido foi Sangano, que fica situado já um bom bocado a sul de Luanda, junto ao mar, um pouco antes de chegar a Cabo Ledo.

Depois de se efectuar a reserva dos bungalows e de se combinar tudo com os motoristas para nos deixarem ficar os carros, lá fomos nós no sábado de manhã cedinho. Ao chegar a Sangano e depois de sair dos carros e olhar um bocadinho à volta, rapidamente se ficou com a sensação de que o sítio tinha sido muito bem escolhido. Um daqueles destinos muito tranquilos e quase paradisíacos, com inúmeros bungalows mesmo junto a praia (a cerca de 20, 25 metros no máximo do mar), algumas cabanas dispersas pela praia, uma pequena povoação maioritariamente de pescadores... Acho que me habituava depressa a uma vida como a do fim de semana!

Obviamente, todo o fim de semana foi passado na praia, que eu achei consideravelmente mais quente que a praia de S. Jorge na ilha de Luanda... Acho que, mesmo com protectores solar, ninguém escapou a ficar com a pele vermelha ou bastante mais morena, isto para não falar dos valentes escaldões que por exemplo o Moisés e o André apanharam... É que realmente é impossível estar muito tempo ao sol na praia nas horas de maior calor... Até um certo momento sabe bem, mas depois disso torna-se um pouco desagradável...

E com isto tudo, quem tem razão é o Eduardo: quando o pessoal começar a aparecer em Portugal com um bronzeado destes, toda a gente se vai questionar sobre o que nós andamos realmente a fazer em Angola!!! É verdade que durante a semana se trabalha forte e feio, mas no fim de semana a malta também se desforra bem!!!

Mas voltando então à descrição do fim de semana: a praia é espectacular e para mim o único senão foi mesmo a ondulação bastante forte, que tanto arrastava para a costa como para o mar... Em algumas situações chegava mesmo a ser necessário alguma resistência e força para conseguir sair! Algumas ondas que apanhavam uma pessoa desprevenida chegavam mesmo a conseguir enrolar-nos um bocado e a fazer-nos cair! À conta disso ainda chegei a apanhar um susto valente, quando senti o joelho direito torcer um bocadito, quando o pé ficou preso na areia e uma onda me apanhou completamente de surpresa... Ainda me dói ligeiramente, mas acho que não passou tudo de um susto...

Uma coisa que me surpreendeu bastante foram os miúdos locais que por ali andavam... É impressionante como se ainda se consegue encontrar tamanha pureza de espírito em alguns locais e como às vezes basta uma pessoa afastar-se de um meio maior para ser tudo radicalmente diferente... Impressionou-me bastante a forma como nenhum deles nos pediu dinheiro, pedindo-nos antes comida, desde pão, bolachas, pastilhas, sumos e outras coisas às quais nós acedemos de boa vontade. Não acho que tivessem propriamente fome, mas dado que a alimentação deve ser maioritamente à base de peixe e produtos locais, é obviamente natural que desejem e se sintam atraídos pelo nosso tipo de comida mais europeu.
Entre outras coisas, ficavam também super felizes quando nos pediam para os fotografar e depois mostrar-lhes as fotos. Algo que para nós se transformou numa coisa completamente banal, mas que para eles é ainda algo muito novo, como se quisessem mostrar-se ao mundo através daquelas fotos... E quando aparecemos com uma bola de vólei nas mãos, então aí é que foi a loucura! Pediram-nos imediatamente para jogar à bola mas, quando nós lhes demos a bola para as mãos sentiram-se um bocado tímidos e receosos em começar a jogar... Até que alguns de nós nos dividimos em duas equipas, dividimos os miúdos metade para cada equipa e começámos a jogar e na brincadeira com eles. O jogo de futebol rapidamente se transformou numa brincadeira enorme, connosco a andar com eles às cavalitas, a fazer cócegas, a jogar às apanhadas com a bola... Aquele sorriso enorme que imediatamente se apoderou deles foi realmente algo impressionante! Um sorriso lindo e genuíno, que custa um pouco a arrancar aquelas crianças que
têm de facto uma vida muito dura e acabam por não ter a vida de criança que realmente merecem... Dar-lhes assim um pouco de alegria até nos faz sentir melhores enquanto seres humanos... Não é muito, mas para estas crianças é algo extremamente importante e que eles valorizam imenso!

Entre almoço, praia, dormir, futeboladas e vólei assim se chegou a noite. Fomos jantar, fizemos uma mini-festa com direito a fogueira e caminhada pela praia, até que finalmente me decidi ir dormir alguma coisa... Tal como o André e o Moisés, companheiros no mesmo bungalow, recusei-me a dormir lá dentro e preferi levar a toalha para a praia e dormrir debaixo de uma das cabanas... É que sinceramente, entre dormir num sítio quente, com baratas a circular e mosquitos a voar, preferi dormir num sítio com alguns caranguejos... Dormi lindamente, não levei nenhuma ferroada e ainda acabei por levar algumas picadas de mosquitos de certeza absoluta, já que o repelente não se revela completamente eficaz... Quando acordei fui surpreendido, por encontrar o Godinho a dormir numa outra cabana, mas sem qualquer toalha, com a cara cheia de areia e na companhia do Pirata, o cão que desde sábado nos começou a acompanhar e nunca mais nos deixou...

Chegou então a altura do pequeno-almoço, seguida de uma caminhada pela praia, mais uns quantos mergulhos, alguns banhos de sol, até que saí de Sangano na companhia do Moisés, do André e da Maria para irmos até ao mercado de Benfica, já nos arredores de Luanda, comprar algumas recordações... Do mercado não tenho qualquer foto, já que achei extremamente arriscado levar máquina... Não é de ânimo leve que se anda ali por aquele mercado com coisas de valor à vista, portanto foram alguns kuanzas no bolso das calças e nada mais...

E acabo o post com mais algumas fotos tiradas na praia de Sangano. A primeira é a cabana onde eu dormi, a segunda é o bungalow onde era suposto eu ter dormido, a terceira são os dois porcos que apareceram inesperadamente pela praia, a quarta é o António a fazer o pino durante o pôr do sol e a última é uma foto geral da praia, do lado oposto ao pôr do sol.





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